A certeza de que o Grêmio vai bem está cintilando no alto da tabela do Brasileirão e nos elogios que nascem em todas as esquinas do Estado ao antes esconjurado Celso Roth. O que mais se ouve é:
— Ele mudou.
Mudou nada, é o mesmo, porém mais experiente, rodado. Não está fazendo nada mais (ou menos) do que fazia. Seu time está dando certo como outras equipes comandadas por ele já foram bem em começos meteóricos. Resta saber se o fôlego do time continuará a mil na seqüência de rodadas, se o equilíbrio chegou, se o coletivo se manterá funcionando, se os destaques de hoje continuarão sendo os destaques de quinta-feira contra o Figueirense, de domingo contra o Palmeiras e outros quilos de se... Se, se, se...
Roth sempre teve altos e muitos baixos na sua conturbada carreira. Depois de algum tempo, os baixos o pegavam pelo pé e o derrubavam. Vamos ver se no Grêmio, um time que lhe deu uma rara segunda chance, ao contrário dos outros grandes de Rio e de São Paulo que nunca o chamaram mais de uma vez, o Roth do futuro, o de 2008, consegue superar o irregular treinador de um passado recente.
Roth continua o mesmo turrão de outros invernos, alguns mais desesperançados. É ainda deselegante em algumas entrevistas, ao contrário de Mano Menezes, que adora uma ironia, uma provocação, mas parece mais educado que o atual técnico gremista. Mano apenas trata a imprensa com mais inteligência. Mas nunca deixa de usar as suas setas. Só que tem outra imagem, mesmo sendo mais retranqueiro que Roth — no sentido de jogar muito mais fechado.
O esquema 3-5-2, e suas pequenas variações, que Roth desenvolveu no Grêmio é a chave do seu sucesso. Um sistema tático que deu certo em 13 rodadas não pode ser demolido em nome de um, dois, resultados negativos ou de novas e apressadas contratações. Não é o jogo de Florianópolis que vai mudar as convicções de Roth, imagino. Mas é em partidas assim que ele precisa provar que seu time já superou o Mampituba e ficou viciado em vitórias fora do Olímpico.
Roth encontrou um bom esquema, tirou-o da sua cartola (seu mérito total) e precisa continuar usado. São os três zagueiros, e um goleiro que nasce como o grande nome depois de Danrlei no clube, que sustentam os outros sete jogadores, sejam eles quem forem (desde que qualificados, óbvio). O 3-5-2 nasceu no Morumbi, após a surpreendente vitória sobre o São Paulo, e se mantém ainda hoje.
O Grêmio de hoje começa pelo trio de zagueiros e um goleiro de mão santa. Tcheco, depois de Roger, ofereceu novos neurônios ao time. É técnico, e um técnico, em campo.
O poder do novo esquema surpreendeu todo mundo, jogadores, treinador, dirigentes, fãs e críticos desde a estréia em São Paulo. O sistema deu até nova vida, nova luz, novo norte ao técnico. As vaias diminuíram, os aplausos aumentaram.
Roth está sendo observado com novos e pacientes olhos. Qualquer outro técnico já estaria sendo reverenciado, saudado, aplaudido. Imagine a festa que Wagner Mancini receberia a cada jogo se estivesse no banco tricolor. Imaginou?
Com Roth todos ficam sempre com um pé atrás, uns ainda com os dois mais atrás ainda. Roth só será unanimidade, e olhe lá, no dia em que ganhar um título nacional. Antes não.
Experimentada, bem mais criticado do que elogiado em quase duas décadas de carreira, ela sabe, mais do que todos nós juntos, que só a faixa no peito pode mudar seu status. E não é só com os azuis. É com o mundo da bola que fala português.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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