Grande parte da torcida do Grêmio tomou Roger nos braços e o fez ídolo desde os seus primeiros passos no Aeroporto Salgado Filho. Os fãs acolheram muito bem o jogador, que gostou do clube, que passou a achar que Porto Alegre era um pouco sua também. Certo dia ele surpreendeu e disse que gostaria de ficar no Olímpico até a sua aposentadoria. Sua saída indignou a direção gremista, que se sentiu traída pela partida rápida do meia.
Uma seqüência de jogos no Olímpico o fizeram ainda maior no coração dos torcedores, apesar dos fracassos no Gauchão e na sonhada Copa do Brasil. Seu futebol o fez goleador do time no Brasileirão. Gols de pênalti, porém válidos.
Roger deve jogar no Catar, num negócio que partiu do Corinthians, clube de origem do jogador. Roger vai embora como Fernandão, como segue Guiñazu e como outros num futuro bem próximo.
No futebol profissional, o jogador não tem coração nem cor, tem conta bancária. Pode gostar do clube, se identificar, levantar uma série de taças, mas quando os dólares ameaçam brotar na sua conta bancária, ele sai dizendo adeus, tchau, até mais. Jura amor ao clube e promete voltar um dia — dia que infelizmente nunca chega.
Conheço gremistas bem posicionados que detestam Roger. Na cultura deles, jogador baixo, técnico e de aspecto frágil não serve. É, e sempre será, um jogador que se esconde na hora em que o jogo aperta, quando a decisão chega, quando o pau come livre e solto.
Roger é bom jogador. Não provou na Capital, já tinha mostrado antes, Sabe jogar, dribla, passa bem e é veloz. É capaz até de organizar o jogo. É ainda um perfeito garçom aos homens de ataque. Mas entra pouco na área, faz raros gols de fora da área com o seu bom pé esquerdo e cai muito, até pelo tamanho, mas muito pelo seu exagero de se jogar ao chão em alguns lances, sempre em busca de uma falta.
Ao menos no Olímpico, Roger não foi um atleta com cadeira cativa no departamento médico. Treinou e jogou como todos.
O Grêmio perde com a sua saída repentina. Perde a criatividade, perde um jogador que às vezes faz a diferença. Perde mais do que ganha com a vinda de Souza, se vier. Souza é jogador para um salário mensal superior a R$ 200 mil.
Souza joga na ala e em duas posições do meio-campo, mas não tem a qualidade individual de Roger. São dois jogadores distintos que, num bom time, poderiam jogar juntos sem problemas. Quase como uma solução. Pena que o Grêmio não pode contar com os dois. Seu poder cresceria substancialmente.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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