Passei a segunda-feira envolvido com o Fronteiras do Pensamento, entrevistando a superprotegida muçulmana Ayaan Hirsi Ali, uma das mulheres mais corajosas do nosso tempo. Queria escrever sobre o Gre-Nal. Não deu. Faço minhas considerações 48 horas depois. Atrasadas, porém decididas.
Leia 11 delas, um time inteiro:
1) Tite tonteou Roth na maior parte dos 90 minutos. Seu esquema engoliu o do técnico Grêmio, paralisou adversário. O time gremista só conseguiu jogar quando o Inter começou a cansar. A mão tática do técnico vermelho começa a aparecer. Tite acertou a marcação e o time começou a jogar. Roth perdeu seu duelo pessoal, o que não anula seu correto trabalho no Grêmio neste Brasileirão.
2) O clássico mostrou a carência técnica de alguns jogadores azuis, especialmente Paulo Sérgio, Eduardo Costa, Perea e Marcel. Sem a criatividade de Roger, bem marcado, o Grêmio deixou de pensar em campo. Perdeu a imaginação. Abusou do chuveirinho, insistiu nos balões para a grande área. Seu ataque foi uma piada.
3) Tite remotivou os jogadores do Inter, que marcaram com a vontade de um grupo de amadores. O meio-campo protegeu mais a defesa e nos dois setores apareceram os melhores jogadores em campo, Sorondo e Marcão.
4) O Inter finalmente estreou no Brasileirão. Nem os menos atentos podem negar a qualidade técnica de alguns do seus jogadores. Quando o coletivo funciona bem, as individualidades saem em busca do jogo e mostram seu valor. A dúvida é se em outros jogos a motivação do gre-Nal vai continuar em campo.
5) A ineficiência do ataque gremista assustou outra vez. Dos últimos quatro gols marcados, quatro foram de pênalti, quatro cobrados por Roger. A paradinha que ele usou para quebrar a espinha de Clemer já está na história dos Gre-Nais. Discutir se a paradinha é justa ou não com o goleiro é outra (boa) discussão. Eu acho que é do futebol, é recurso de bom jogador. Qualquer dia vão achar que janelinha, como a de Nilmar em rever, é crime. Lembra da cavadinha de Clemer contra o Juventude nos históricos 8 a 1 do Gauchão?
6) Renan cometeu um erro grave, uma falha, um desatino. Alguém precisa falar seriamente como goleiro. Homem de Seleção não pode agir assim. Renan é um jogador perseguido pelo azar. Era para ser o titular numa passado bem recente, mas os líderes do grupo queriam Clemer. Quando entrou no Gauchão de 2007, tentando segurar um time B, afundou. Depois sofreu uma hepatite. Bom goleiro ele é, sem dúvida.
7) Taison apareceu com uma grande supresa da partida. Foi um dos melhores também. Em Salvador, apesar da derrota, ele já havia merecido aplausos de todos que assistiram o jogo com o Vitória. Taison é veloz, ofensivo, sabe fazer a jogada de linha de fundo. O real tamanho do seu futebol só poderá ser avaliado na seqüência de jogos.
8) Os sinalizadores que provocam fumaça igual a neblina da Serra no inverno são completamente desnecessários em dia de futebol. O sinalizador não deixa a torcida mais viva, bela e vibrante. Pelo contrário, esconde as cores do time e ainda prejudica a visibilidade de 40 mil pessoas no estádio e de milhões nas suas casas. Sinalizador é igual a gol contra.
9) Gostei muito do volante Magrão. Ele é um jogador que tem lugar em qualquer grande time do Brasil e é jogador tipo exportação. Sorte do Inter tê-lo ao seu lado. Sua determinação e coragem contagiam os outros jogadores. Vi que Nilmar melhorou. Está mais solto. Precisa melhor a conclusão. Nilmar precisa treinar mais seus fundamentos. Precisa de um companheiro no ataque.
10) Pereira perdeu peso, ganhou mais musculatura e hoje é titular absoluto da zaga gremista e seu jogador mais regular. É outro que usa a camisa azul como segunda pele. Vitor fez a diferença no clássico com grandes defesa. É o melhor goleiro em anos. Pode fazer história no clube se continuar fechando o gol da Azenha.
11) Rafael Carioca saiu do time obedecendo uma lógica errada de Roth. Que, com William, o meio-campo ficaria mais encorpado, mais resistente para enfrentar o competente quarteto do mesmo setor colorado. Errou. Sem Rafael, o time perdeu qualidade, toque de bola, inteligência e submeteu-se ao adversário. Outra vez, em jogo decisivo, pela terceira vez em menos de 90 dias, Roth mudou o time e foi superado. No Gre-Nal, pelo menos, recebeu a mão amiga dos deuses do futebol, nem sempre disponível aos pobres mortais.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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