Celso Roth e Roger estão ideologicamente em rota de colisão. Os dois pertencem a duas escolas diferentes de futebol. Têm idéias opostas sobre táticas, composições de time, modos de atuar.
E falam abertamente sobre as suas idéias. O que é bom. O que enriquece a discussão.
Roth é defensivo, nada ousado. Prefere jogar com três volantes, todos eminentemente marcadores. Sua escola é do defensivismos acima de tudo. É a gaúcha por excelência. É européia por natureza, escorada nos seus grandes times e ideólogos. Esquecendo às vezes que as equipes de ponta têm excelente jogadores, muito em condições de desempenhar múltiplas funções em campo.
Roger gosta de um futebol mais ofensivo, técnico, habilidoso. Prefere um time disposto ao ataque, com jogadores de melhor qualidade técnica ao seu lado, um meio-campo mais hábil. Roger não é um operário. É um jogador de brilho, de belos passes (garçom por natureza no passe), de dribles, mas chuta pouco ao gol, dificilmente entra na grande área adversária. Um camisa 10 como ele, no entanto, precisa arriscar mais.
Não estou dizendo que os dois vão calçar luvas de boxe. Não, a discussão deles é em torno de idéias sobre futebol. E é, repito, boa. Mas um estaria mais confortável sem o outro por perto no interior de um campo de futebol. Um situação absolutamente normal. Roth jamais contrataria um jogador como Roger.
Ouvido por ZH, no texto do repórter Luis Henrique Benfica, Roger lembrou que os times mais ofensivos, como Flamengo, Cruzeiro, Palmeiras e Inter (foi ele que lembrou do Inter), venceram os títulos regionais. E que o Fluminense, de Renato Portaluppi, não teme usar três atacantes quando está perdendo ou empatado (embora tal ação não seja sempre a ideal) na Libertadores. Todos os times citados assim são corajosos, ousados, audaciosos. Atacam.
Claro que ninguém de sã consciência quer um time com três atacantes e três meias ofensivos. Não, nada de radicalismos ofensivos. Nada de sucídio na grama verde. Esquemas assim são para momentos especiais em determinadas partidas, em certas situações de jogo.
O que todos desejam, gremistas e colorados e torcedores de todo o mundo, é um time mais equilibrado, que consiga atacar e defender com a mesma competência.
Ou seja: nem 100% Roth, nem 100% Roger. Mas um time competitivo. Que seja ousado quando precisa. Forte na defesa quando necessário. Sempre que um técnico encontra tal equilíbrio, com a ajuda de jogadores operários e de jogadores técnicos, suor e habiliade, sai do meio da tabela, bota a cabeça na parte de cima e se torna um vencedor.
Só um Grêmio mais ousado supera o Fluminense no Olímpico. Um menos corajoso, no sentido de ofensiviade, fica, quando muito , no sonso 0 a 0. E empate em casa em campeonatos de pontos corridos é parecido com derrota.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
Leia os termos e condições deste blog
Dúvidas Frequentes | Fale conosco | Anuncie - © 2009 RBS Internet e Inovação - Todos os direitos reservados.