A nova cidade de Abel, Abu Dhabi, inaugurou uma espetacular exposição com quadros de Pablo PicassoFoto: Manuel Salazar |
![]() |
Abel Braga colocou uma bola nas costas do Inter. Recebeu uma proposta e não avisou antes seu diretor de futebol, seu homem de confiança no clube, um dos dirigentes que arquitetaram a sua volta ao clube. Abel guardou para si a preciosa informação da possível mudança. Imaginou que o rio de dinheiro dos árabes fosse miragem. Não era. Era palpável. Fechado o negócio, informou os dirigentes.
Tivesse informado com alguma antecedência, o Inter teria o tempo ao seu lado e poderia ter contratado um técnico antecipadamente. Reuniria a imprensa, daria adeus ao técnico atual, anunciaria o novo.
Abel não saiu bem do Inter. Não deixou os vermelhos de acordo com a sua história. Os dirigentes ficaram magoados. Como se diz no futebol, Abel deixou o Inter empenhado. Mas, ao mesmo tempo, aliviado. Era hora de trocar. A oferta milionária não permitia um "não".
Abel saiu num dos seus piores momentos. O Inter está fazendo um Brasileirão abaixo da média, depois do fracasso na Copa do Brasil, a grande meta do clube em 2008. Está fracassando.
A mídia brasileira anunciou o Inter como um dos candidatos ao título brasileiro da temporada. Em campo, o Inter está mostrando hoje que a Copa Sul-Americana é sua meta. Há uma pilha de explicações para tanto, desde as lesões, a falta de motivação, o desinteresse, as invenções de Abel.
Abel toma seu Boeing em dias. Some do mapa. Vai ganhar seus milhões nos Emirados Árabes Unidos, não no Catar como foi anunciado preliminarmente, e garantir o seu futuro. O cavalo passou. Abel montou. Ninguém pode condená-lo.
O Inter abre vaga para um novo técnico. O nome deve sair em 72 horas, talvez antes. Não há nomes favoritos. Só especulações.
O novo técnico precisa ser experiente, homem rodado, acostumado aos grandes embates do futebol. Não pode ser um profissional sem calos nas solas da chuteiras. O jogadores colorados são experientes, unidos, atuam em grupo e já engoliram o técnico Gallo, ano passado, porque ele queria fazer mudanças profundas no grupo.
Colocado na reserva, Clemer ajudou a promover uma revolução no vestiário, amparado por outros ídolos da torcida, quando sentou entre os reservas,. Eles mostraram que o vestiário era deles. Até a direção se curvou.
Abel saiu depois de quase três temporadas. Deixou um idéia, uma trabalho, um legado. Seu carimbo é o de o técnico mais vencedor do clube, independentemente da sua qualidade. Vai ser difícil encontrar um sucessor, especialmente num primeiro momento onde as comparações com Abel serão diárias. Preço que um clube paga por manter um treinador por muito tempo empregado.
O nome ideal para substituir Abel seria o de Muricy Ramalho. Aliás, um técnico mais qualificado que Abel. O novo treinador precisa ser igual ou melhor do que Abel. Inferior é o mesmo que uma bola nas costas em decisão de campeonato.
O Inter precisa começar de novo na quinta rodada do Brasileirão com quatro pontos em 12 jogos. Está longe da faixa da Copa Libertadores, mais longe ainda do primeiro colocado. Vai precisar de sangue, sujor e lágrimas para sorrir no final de 2008.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
Leia os termos e condições deste blog
Dúvidas Frequentes | Fale conosco | Anuncie - © 2009 RBS Internet e Inovação - Todos os direitos reservados.