O grito na ilha de Florianópolis, no esquálido empate em 0 a 0 com o Avaí, sábado, imitou as vaias ouvidas e repetidas em Porto Alegre, em Ivoti e em Erechim:
– Pede pra sair.
O alvo era o treinador Celso Roth.
A rejeição é unânime. Atravessou as fronteiras gaúchas. No Paraná não seria diferente.
O colete salva-vidas de Roth foi amarrado pela mão forte da direção gremista. A bóia aparenta firmeza.
Não vi o jogo em Floripa. A tevê não mostrou. Ouvi os comentários do colega Nando Gross, da Rádio Gaúcha. No Estádio da Ressacada, ele ficou impressionando com a ira da torcida. Ficou ainda mais espantado com o desempenho coletivo do tricolor:
– Não vi nenhum evolução no Grêmio – afirmou.
Nando faltou antes no microfone da Gaúcha que o Grêmio tinha sido envolvido pelo Avaí, time da Série B, assim como já fora pelo Juventude (Série B) e ainda pelo Atlético-Go (Série C). Homem do futebol, André Krieger disse depois que ficou decepcionado com o desempenho coletivo do Grêmio.
Roth, por outro lado, depositou a culpa do raquítico empate no adversário que teria disputado uma final de Copa do Mundo e na arbitragem.
Roth deveria ter sido demitido após a derrota com o Juventude em jogo pelo Gauchão. Podendo perder por um gol de diferença, levou três. Seria uma demissão didática, exemplar.
Agora, por uma conjunção extraterrestre, ininteligível, o Grêmio espera pelo desempenho do técnico e do time nas primeiras rodadas do Brasileirão para depois tomar uma decisão – a estréia será no Morumbi, sábado, contra o São paulo da Libertadores. Se Roth sai, se Roth fica.
Ou como falou um conselheiro com ótimo trânsito no Estádio Olímpico no bar da Redação de ZH na última sexta-feira, entre um gole e outro de café forte com açúcar:
– Com Celso Roth, a atual direção está praticando haraquiri.
Uma pergunta:
Qual a motivação que um jogador de futebol, mesmo profissional, pode ter quando sabe que a torcida inteira está contra o técnico e que esta tensão está prejudicando o grupo inteiro? Diga você.
Uma homenagem
Tuio Becker, um dos maiores críticos de cinema do Estado, morreu na semana passada. Ex-colega de Redação de ZH, ele ajudou muita gente a gostar ainda mais de cinema, a descobrir novos diretores, autores, atores. Via o que muita gente não encontrava na grande tela. Seus textos foram a "lanterminha" dos leitores. Tuio não gostava de futebol. Nos 90 minutos de um jogo podia ver um filme inteiro. Se foi aos 64 anos. Passou meio século indo ao cinema sem parar, sem cansar, sempre querendo transformar a luz da tela em texto para jornal. Conseguiu.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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