O Juventude fez o que parecia quase impossível na perfeita tarde de outono (sol, temperatura acima dos 20°C) na Serra. Venceu o Inter pela terceira vez consecutiva em 2008 no Gauchão (1 a 0). Mandou a lógica do futebol para escanteio – ao menos a que eu sigo.
Time do tamanho do Ju, sem demérito, ancorado na realidade, não poderia ganhar três partidas em três de uma equipe do porte do Inter. Só que venceu a terceira, num jogo equilibrado, guerreado, disputado, com um incrível gol aos 47min45seg do segundo tempo num Alfredo Jaconi tomado por 13,385 torcedores – podia receber uns 10 mil fãs a mais.
O primeiro tempo da decisão foi verde. O Juventude saiu na frente nas finais do campeonato regional. Empate com qualquer escore lhe oferece o título da temporada domingo no Beira-Rio. Para fugir da loteria dos pênaltis (não dianta treinar, o clima de decisão anula qualquer treino), o Inter precisa vencer por uma diferença de dois gols.
O gol solitário, mas que gerou um grito único, arrancado das entranhas do torcedor do Ju, nasceu de uma falha de Fernandão, que perdeu a bola na lateral direita colorada, quase na linha do meio campo.
Na ofensiva do Ju, Maycon estava na grande área, onde aparou o cruzamento e fez o gol de cabeça. Gol feito no detalhe, no descuido, na desatenção, também na qualidade do cabeceio. O empate seria mais justo. Um 0 a 0 não ficaria mal para os dois. Não mesmo!
O jogo rodou muito pelo meio campo, bateu nas proximidades das duas grandes áreas, mas as chances de gol foram raras na partida. O Inter teve uma grande oportunidade aos 43 minutos do primeiro tempo. Dani Moraes obrigou Michel Alves a fazer a defesa do jogo.
A expulsão de Titi prejudicou o Inter, após uma falta absurda quase no no final do jogo – o gol sairia justamente no lugar onde ele deveria estar, zagueiro que é.
Sem gols outra vez, Nilmar saiu reclamando ao ser substituído por Iarley, desabando nos microfones das rádios:
– É sempre assim...
Abel Braga respondeu depois:
– ... Acho que o jogador que sai precisa respeitar o que entra ...
A vitória inesperada, ao menos pelo que foi o jogo, alivia o Juventude, mas não acalma sua respiração. O próximo desafio será no caldeirão fervente do Beira-Rio (quem não lembra quarta-feira passada?). O Juventude vai tentar. O título do Gauchão, uma década depois do último, vale qualquer tentativa, qualquer esforço.
O Juventude, o que mandou o Grêmio de Roth pelos ares, já venceu o Inter três vezes em quatro meses. Ao ser grande contra os grandes do Estado, maior ainda que a Dupla nas disputas diretas, vê a faixa do título gaúcho perto das suas mãos. Não seria injusta ao Juventude erguer uma taça em Porto Alegre. Não mesmo. Sua performance recente é de quem pode chegar lá. Até o Inter já sabe.
Antes do Beira-Rio, o Ju ainda precisa dinamitar um 2 a 0 que sofreu em Alagoas, quarta-feira passada. A correria em busca da virada na Copa do Brasil pode refletir na decisão gaúcha. O Inter sofreu do mesmo mal na Serra.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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