Um torcida de futebol, por mais grandiosa, barulhenta e fiel que possa ser, é também imensamente injusta. A gremista fez com Paulo Pelaipe o que não se faz com um dirigente que ofereceu tanto ao clube em 40 meses – fora os trabalhos realizados em outras épocas.
Não que a torcida não possa vaiar. Deve. É seu direito. Pelaipe está desgastado no clube, ok. Precisa sair? Não sei. Tenho dúvidas. Mas saiu. Pediu demissão.
O que ele não merece é uma vaia do tamanho do Olímpico. Roth, não. O treinador merece duas vezes mais. Ele desestruturou o Grêmio. Será demitido nas próximos horas, talvez dias. Roth foi o maior erro de avaliação de Odone.
Pelaipe ajudou a catapultar o Tricolor de volta para a sua série de origem, levantou duas vezes o título do Gauchão em três anos, colocou o time na final da Copa Libertadores da América.
Se Pelaipe aparecer com duas contrações de Seleção Brasileira nas próximas horas, tudo teria mudado. Ele será saudado na rua como era semanas atrás. A torcida é passional. Não pensa dois segundos. Reage por instinto.
O que move o fã é o resultado imediato – e sempre foi assim. Uma má jornada, dois fiascos e o mundo treme, desmorona. Falo em Pelaipe, mas falaria de qualquer um na mesma situação.
É claro que Pelaipe falhou no primeiro semestre. Ele é todos que o cercavam. O erro foi coletivo, foi de toda a administração Paulo Odone. Errou o presidente, que se aproximou pouco do futebol. Não fez a escolta que deveria ter feito ao departamento de futebol nos primeiros meses de 2008, a mesma que foi realizada com sucesso em 2006 (aí também com Renato Moreira), a idêntica ao ano de 2007.
Não há "um" culpado na crise, não há "o" culpado. Atrás da linha do jogo, na grama, Roth falhou como nunca. Perto dele, outros, eu disse "outros", usei o plural, pisaram na bola, como se diz no futebol.
Pelaipe não é o vilão número 1, não poder se o bad guy dos filmes de mocinho e bandido da torcida. Ele faz parte de um grupo. O que é que o Grêmio ganha ao retirá-lo do futebol? Não seria melhor colocar alguém ao seu lado e reforçar o setor, tornando-o mais político e menos agressivo? Não seria mais inteligente?
É uma pergunta. Eu não sei a resposta. Você, leitor, saberia?
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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