Os jogadores foram ovacionados no exato momento em que o alto-falante do Olímpico revelou a escalação da equipe. Quando o nome do técnico Celso Roth ganhou o ar, uma enxurrada de vaias e gritos cessou as palmas imediatamente. Celso Roth se foi. É passado trágico. Basta oficializar.
Celso Roth era o alvo. Não pelo time escalado no jogo da segunda fase da Copa do Brasil contra o surpreendente Atlético-GO, mas pelo conjunto da obra de intermináveis 50 dias. Mesmo precisando da vitória, ele usou três volantes lado a lado, abdicando da boa articulação. Não faltou bravura, nem raça ou vontade aos jogadores. Faltou qualidade. Agora o Grêmio fica 30 dias sem jogar, só treinando.
Nem compactado no meio-campo deixou de sofrer um gol, que remeteu os gaúchos aos pênaltis, nem de levar uma tunda tática do técnico Zé Teodoro. Na loteria, o Grêmio patinou, perdeu duas cobranças, com dois chutes ridículos de Tadeu e Perea. O adversário acertou os cinco (5 a 3).
Domingo passado, o Juventude da Série B passou por cima do Grêmio. Quarta foi uma equipe da Série C pela segunda vez consecutiva em uma semana. Para onde caminha o Grêmio?
Celso Roth desestruturou o Grêmio como poucos. Rompeu o equilíbrio da era Paulo Odone. Pela primeira vez em três longos anos, três títulos, a torcida unida gritou contra um técnico nas cadeiras, nas arquibancadas, no pátio do Olímpico, no Rio Grande inteirinho. Em coro.
O Grêmio precisa ser repensado com a urgência dos derrotados. Recomeçar. Não do zero como em 2005. Precisa de reforços qualificados. O abismo da Série B está logo ali. Você já viu este filme antes.
Note as contradições do treinador. Titulares domingo passado, na catástrofe verde, Nunes e Maílson nem sequer no banco ficaram no jogo da quarta. Ele recolocou o acelerado Paulo Sérgio na direita, o regular Pereira na defesa e o atrapalhado Hildalgo na esquerda. Fechou o meio-campo com Eduardo Costa, Rafael Carioca e William Magrão, boa marcação, nenhuma criatividade. Roger era o qualificado articulador solitário. Perea, sempre longe da grande área, e Tadeu, buscavam os gols.
De pênalti, Roger fez o seu logo na abertura enchendo o estádio e meio Rio Grande de esperança. O goleiro adversário empatou (1 a 1) numa cobrança de falta seguindo o menu confiança de Rogério Ceni.
O Grêmio assumiu as ações ofensivas, buscando o gol, mas oferecendo oportunidades para as estocadas dos vibrantes goianos, sempre em alta velocidade. A falta da qualidade do Tricolor aparecia a cada jogada, especialmente nas finalizações.
Roger se portava como a exceção. Do seu pé esquerdo, dos dribles e dos lançamentos nasciam as mais qualificadas ações ofensivas. Aos 15 minutos do segundo tempo, com a torcida já nervosa, suando pelas mãos, William Magrão fez o 2 a 1, o seu quinto gol na temporada.
O resultado (2 a 1) encaminhava uma decisão por pênaltis. Juninho perdeu o gol no interior da grande área de Grohe e a chance do empate. Em três minutos, o Atlético-GO cavou duas oportunidades de gol e ainda colocou uma bola no poste. O Grêmio escapou da derrota, no mínimo do empate.
Depois, Perea perdeu um gol incrível. Perdeu duas vezes ao escolher o chute ao contrário de servir Roger, pronto para marcar. Quando os pênaltis chegaram, o Grêmio caiu. Acabou o semestre. O Brasileirão começa em maio. Não há nem time. Talvez nem mais Paulo Pelaipe. A torcida pediu em coro a saída do dirigente. Roth já tinha ido embora domingo passado. Até ele já sabia.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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