Proibir venda de bebida alcoólica em estádios de futebol é a mais nova decisão do governo gaúcho. Fez até uma cerimônia no Palácio Piratini. Imagina que usando uma caneta e inventado um nova lei pode garantir a tranqüilidade do torcedor de futebol nos estádios.
Bebida é um problema, claro. Quase sempre é. Mas nunca é o principal, o maior, o capaz de adicionar pólvora ao fogo de uma torcida. O principal é a crônica falta de competência das autoridades para garantir a segurança das pessoas no interior do estádio, em volta dele, nas suas redondezas. E mesmo longe dele. A sua casa não está gradeada? A porta não tem uma proteção de aço, a mesmo das janelas? Você pode caminhar em paz na sua rua depois que o sol se esconde?
Quem bebe acima do normal em estádio de futebol é uma minoria. Fácil de identificar, fácil de prender, fácil de julgar. Não há uma só viva alma na porta dos estádios para controlar os bêbados que chegam em busca de pura confusão. Nunca vi um bafômetro nos portões de entrada. Você notou?
Não conheço um só plano consistente das autoridades brasileiras para punir os vândalos que infestam as praças de futebol. Raros, raríssimos, são os casos que terminam com um final feliz com o desordeiro na cadeia ou afastado, por toda a vida como acontece em países mais civilizados, das praças esportivas.
Proibir a sagrada cerveja de um domingo de futebol é mexer com a cultura dos estádios por nada e ainda punir a maioria dos torcedores. Como se a loira gelada fosse a grande culpada de tudo de ruim que acontece em dia/noite de futebol. Não é, você, que freqüenta campos de futebol, sabe.
Será que os inventores da inútil lei freqüentam o Olímpico e o Beira-Rio ou ficam em casa vendo no pay-per-view? Será que eles realmente conhecem a realidade dos nossos estádios. A lei que proíbe venda de bebidas alcólicas nas BRs é perfeita. A que veta o álcool nos estádios não vai adiantar nada. Os bêbados já chegarão bêbados nos estádios. Os vândalos que não usam a bebida continuarão soltos como de costume.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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