No primeiro dia de março de 2008, um sábado com cara de chuva, o Grêmio deu sinais de que pode formar um time competitivo na temporada. Os cerca de 17 mil torcedores que foram ao Olímpico, na fácil vitória sobre a Ulbra (4 a 0), observaram uma nova equipe. A goleada confirma a liderança, a melhor campanha entre todos no Gauchão e a invencibilidade na competição.
Apenas três jogadores titulares (Marcelo Grohe, Pereira e Eduardo Costa) eram remanescentes do time do ano passado. O desenho tático está mais ou menos definido pela seqüencia de jogos: dois laterais com licença para atacar, dois volantes, dois armadores e mais dois atacantes velozes.
Roger é o grande nome técnico: cria, passa, lança e ainda faz gol. É a estrela, é a referência, já faz a diferença. Joga fácil e faz jogar.
Com Perea parece que o Grêmio achou finalmente o seu matador depois de anos. O colombiano marcou mais duas vezes na goleada numa Ulbra que entrou em campo sem saber onde estava. Pisou perdida na grama, tonta. Perea correu, entrou e saiu da área, fez jogada pelas pontas, marcou gols e mostrou tudo o que se espera de um atacante qualificado. Anotou seis gols em dois jogos.
O time base de Celso Roth é Marcelo, Paulo Sérgio, Léo, Pereira e Hidalgo, Eduardo Costa, William, Julio dos Santos e Roger, Perea e Soares. Ainda é cedo para falar do trabalho de Roth. Ele ainda não sabe nem o nome de todos os jogadores do grupo. Sua vantagem sobre Mancini é que agora ele tem disponível um número maior de jogadores qualificados.
Entre os 11, os dois laterais não tem qualidade para ajudar o Grêmio a formar um time competitivo. São velhos conhecidos. O goleiro ainda precisa provar. Dos Santos merece mais um tempo para mostrar quem realmente é. Pereira não é, apesar do esforço. Mas o time do começo do terceiro mês do ano é imensamente superior ao que esteve na Serra na pré-temporada. O Grêmio do Gauchão ainda procura adversário. Seu limite ainda não foi testado.
A jogada perfeita da partida foi o gol de letra de Perea, uma beleza, gol de documentário. Ele recebeu a bola de Paulo Sérgio, da direita, e, de costas para o gol, completou a jogada.
A jogada absurda envolveu Roger, o melhor em campo, e Everton Soares, o pior. Depois de ser coberto por uma balãozinho de pentear o cabelo, Everton Soares desferiu um pontapé sem bola no número 10 gremista. Foi expulso na hora. Perfeito. (Pato foi caçado pelos jogadores da Lazio, ontem, em Milão, e o juiz olhava para os lados)
Logo alguém lembrou que Roger estava provocando o adversário com uma jogada altamente técnica. Bobagem. Preconceito.
Ora, provocação é carrinho pela frente, por trás ou pelos lados. Provocação é jogada desleal. Provocação é balão, jogada errada, seqüências de passes equivocados. Provocação é assistir um péssimo jogador de futebol como Everton Soares pisando a grama de um grande estádio. Provocação é pagar ingresso e assistir jogadas violentas, seja de que lado for.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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