Foto: Gonza Rodriguez |
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No curto e engarrafado trajeto entre a Redação de Zero Hora e o Estádio Olímpico, meia dúzia de quadras, na chuvosa quinta-feira, logo depois das 14h, a repórter Laura Schenkel contava no banco traseiro do táxi como aprendeu seu ótimo espanhol. Foi em Hoston, nos Estados Unidos, onde morou.
Queria entender e falar inglês, aprendeu, mas ganhou a fluência no espanhol de brinde pois alguns dos seus colegas de classe, no Texas, eram da estudantes nascidos na América Central.
Laura esgrimava seu terceiro idioma, depois do português e do inglês, com o colega da Editoria de Arte, Gonzalo Rodriguez. O caricaturista Gonza nasceu na Argentina, torce pelo Boca e foi até a casa do Grêmio ao meu lado e ao de Miguel Camargo. Descendente de tchecos e polonones, Miguel é o cameraman da equipe, nosso Spielberg de plantão.
O quarteto foi escalado para entrevistar Maxi López com exclusividade em nome de zerohora.com e do clicEsportes. Com microfone, câmeras, canetas e blocos de anotações como referência, tomamos posse da Sala de Imprensa do Olímpico, abaixo das sociais, aberta pelo assessor de comunicação do Tricolor, Vitor Rodrigues.
De família uruguaia, doble chapa, Vitor mostra seu espanhol perfeito ao comentar com Gonza que os dois, mesmo sem ser parentes, carregam o mesmo sobrenome. Apenas um Z final os separa.
Maxi López saiu do vestiário, abriu uma porta de correr e entrou na sala de imprensa perto das 15h. Nos ofereceu quase 30 minutos minutos do seu tempo.
Vestia roupa de treino, camiseta amarela e calção preto, calçava chinelo de dedo preto, os dedos dos pés enrolados e fortalecidos com pedaços de esparadrapo branco. Em alguns minutos, calçaria as chuteiras no treino com bola.
O jogador se apresentou sorridente. Educado, fez questão de saudar a todos com um aperto de mão.
- Prazer - disse
Quando ouviu a voz de um compatriota ao lado dos três gaúchos, no momento da apresentação, ficou ainda mais à vontade. Maxi desejava ser entrevistado por jornalistas que falassem e entendessem espanhol.
Ele ainda tem medo de ser intepretado de uma forma equivocada. Que suas frases em espanhol sejam anotadas em português e depois ganhem uma nova conotação no papel. Quinta, ele não correu riscos.
Maxi ficou alguns breves minutos em pé, ao lado de um longo balcão, usado para entrevistas coletivas dos jogadores, e abriu o maior sorriso da tarde quando viu uma caricatura sua, assinada por Gonza, que ZH publicou meses atrás. Era um presente especial ao centroavante.
- Quem é na caricatura? Você? Não parece o Maxi López - alguém brincou, tentando quebrar o gelo inicial da entrevista. Tática que, às vezes funciona, às vezes não
Máxi López riu, entrou no clima e ouviu outra gozação:
- Será que você não pode responder as perguntas em russo?
Bem-humorado, Maxi disse algumas palavras no estranho e complicado idioma cirílico, lembrado dos seus tempos de jogador de futebol, em Moscou.
Riu com mais gosto, sentiu o ambiente, relaxou e se acomodou numa das confortáveis cadeiras estofadas da sala.
Na conversa, usando algumas palavras em bom português, ele falou de tudo, como você pode ver no vídeo disponível em zerohora.com e no clicEsportes. Maxi López acha que o Grêmio pode chegar no G-4, confia na vaga da Libertadores e, para provar a sua total confiança, destacou a raça e a imortalidade tricolor, duas palavras que entram como música no ouvido azul.
Elogiou os zagueiros do Inter, Índio e Sorondo, o time vermelho e disse que vê o amigo D'Alessandro com regularidade. Disse que encontrou Maradona uma duas vezes, mas antes do 10 de Ouro assumir a Seleção.
Entende que a janela da Seleção Argentina está aberta e tem confiança na sua convocação (assim como na do amigo D'Alessandro), especialmente se estiver fazendo gols com a camisa do Grêmio, uns oito nas próximas 12 rodadas, como calcula, assim por cima, otimista, confiante.
Foi muito legal, descontraída e sem mistérios a conversa com o goleador argentino, que falou até em Ronaldinho Gaúcho, ex-companheiro de Barcelona.
O que mais impressionou foi a educação e a tranquilidade do jogador, a sua facilidade em se expressar, a sua naturalidade com um microfone ao seu lado.
Ele nem se importou com as cores preferidas do caricaturista Gonza, fervoroso fã do Boca, inimigo histórico do River, o time do coração de Maxi. Aliás, seu filho, nascido em Buenos Aires, já tem fardamento completo do River.
- Mas ele é meio gremista também - finalizou Maxi, um pouco antes de desaperecer atrás da porta de entrada do vestiário, se reunir com os outros colegas, e depois de apertar a mão de todos e dizer:
- Prazer.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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