Da nuvem azul clara onde vive a eternidade, Lara, se viu Grêmio e Flamengo, lembrou dos seus tempos, dos seus melhores dias, das suas jornadas inesquecíveis na Baixada e em outros estádios driblados pelo tempo.
O goleiro histórico, habitante do Hino Tricolor, encontrou seu sucessor, ao menos por 90 minutos, especialmente na tarde de verão de 16 de agosto, data do final do primeiro turno do Brasileirão 2009.
Eurico Lara (1898 – 1935) observou Victor Bagy (1983), se transformar numa muralha e fazer seis defesas inacreditáveis. Fazer talvez a mais notável exibição de um goleiro na história de quase 60 anos do Estádio Olímpico. Exibir-se como o melhor goleiro do Brasil que é.
Victor merece um busto, um troféu, um poster, uma homenagem. Precisa de uma lembrança. A sua atuação não tem o direito de se perder na memória do torcedor. Suas defesas não podem ser engolidas pelos jogos da semana que vem e da outra e da outra...
O goleiro paulista jogou a grande partida da sua vida de pouco mais de meia década como profissional. Não fez defesas espetaculosas. Goleiro técnico que é, Victor realizou defesas espetaculares.
Não é um número 1 voador e acrobático. É um goleiro de defesas simples, firmes, seguras e definitivas, especialmente nas bolas baixas, na sua perfeita saída de gol. Na rapidez de um gato, seu corpo encontra a bola. E não é somente na ponta segura das luvas.
Ele defendeu com os pés, com os punhos e com o peito. Defendeu chutes fortes, segurou chutes colocados. Atacou finalizações do Imperador Adriano, afastou conclusões de jogadores menos famosos.
O Flamengo poderia ter vencido o primeiro tempo por 3 a 1, fácil. Saiu do jogo com inacreditáveis 4 a 1 nas costas doloridas. Victor fez a diferença absoluta na estranha vitória gaúcha, que teve ainda um belíssimo gol de Réver, após grande jogada individual e até um gol de Perea.
A vitória é de Victor, acima de tudo e de todos. A confusão tática, o buraco defensivo, as substituções equivocadas e o uso sistemático de alguns jogadores que continuam não dando certo são problemas de Paulo Autuori. A vitória também foi da superação, do fator Olímpico e do preparo físico. Foi um jogo entre alguns titulares e os prinicpiais reservas dos dois times.
Mas esta é outra conversa, não se encerra na fictícia e imerecida goleada contra o Flamengo, se concentra na colocação do Grêmio no final do primeiro turno, 10 pontos distante da liderança, seis do G-4. Ou será que você entenda que a vitória sobre o Flamengo foi uma partida normal?
(Você viu como o time parecia tranquilo em campo sem os surtos nervosos e descontrolados de Tcheco? Ou só eu vi?)
Todos que consomem futebol no café, almoço e jantar sabem que o Grêmio ainda não encontrou a regularidade depois de sete meses de bola rolando. Sem ela, a Copa Sul-Americana é o máximo. Creia.
O bom que é ainda há tempo para buscar algo mais. O ruim é que time caseiro sempre morre antes da praia, quase na arrebentação. O péssimo é que Máxi Lopez continua fora.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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