Fernandão escreveu no seu blog (www.fernandaof9.com.br), citou o meu, despertou-me das férias, interrompeu minha viagem interplanetária noturna com o ótimo "Vento da Lua", do crítico espanhol Antonio Muñoz Molina, ex-diretor do Instituto Cervantes de Nova York. Fernandão disse:
"Cuidado com o que dizem!!!
3 de agosto de 2009
Zini, especificamente para vc. Não sou como vc pensa, não me vendo. Esta me confundindo. Esperei o Inter me fazer uma proposta, seja ela qual fosse. Por questão de eu ter saído dele quando vim para fora."
Zini, trabalhe um pouco, procure saber a verdade e não ficar pegando notícias sem saber de onde saiu. NÃO ABRI NEGOCIAÇÃO COM NENHUMA EQUIPE.
Recebi vários telefonemas e não falei de 1 real que fosse com equipe nenhuma. Estava esperando decidir minhas coisas.
És inteligente o bastante para tentar buscar a verdade. Não faça como os outros, copiando materia do centro do país.
Meus representantes são Paulo Roberto e Taffarel. Qualquer pessoa que falou em meu nome, que não tenha sido estes dois, esta mentindo… especulando.
No mais um grande abraço a todos".
Fernandão pensa que eu acho que ele é "vendido", conforme o texto "O novo Fernandão do velho Beira-Rio será o mesmo?", que eu publiquei na semana passada e que você pode ler e reler voltando no tempo, digo, na linha do tempo do blog (leia o post aqui). Eu não acho, nunca achei que ele é.
O que eu escrevi, e escreverei outras tantas vezes porque é o que eu penso, é que jogadores de futebol, muitas vezes motivado pelos seus empresários, correm atrás do dinheiro. Dificilmente rejeitam boas propostas financeiras, algo lógico, algo da vida, algo natural em todas as profissões. Não citei Fernandão especificamente, generalizei. Mas também não seria surpresa se ele optasse pela melhor proposta. É do jogo da bola, o que não significa que o jogador de futebol é vendido. Não, apenas aceitou a proposta mais vantajosa, profissional do futebol que é.
A história de amor ao clube é pura bobagem, eu penso. Nunca vi jogador algum deixar de atuar na Europa (rica ou abastada), no Japão desconhecido ou no imprevisível mundo árabe para continuar vestindo a camisa que ele beija no contrato, no gol, na celebração.
Aliás, nunca vi jogador de futebol beijar a camisa do ex-clube quando embarca no jato transatlântico. Ou beijar duas antigas quando veste a terceira. O beijo é um ato simbólico, mas hoje é uma demonstração oca em sensibilidade.
Fernandão aprendeu uma lição da vida nas últimas 48 horas. Jogador de futebol, mesmo ídolo, nome histórico, sério como ele, nunca tem as portas abertas do clube por tempo indeterminado. Jogadores passam, independentemente do poder de cada um. O clube fica.
Foi o que o Inter fez. O dirigente de hoje não pensa com a cabeça do dirigente de anteontem. O jogador que serviu não serve mais. O tempo muda, o tempo passa e os pés que chutaram várias taças para dentro do armário não têm mais a mesma pontaria.
Culpa do Inter, dos dirigentes, da nova realidade, de outras exigências e do próprio Fernandão que já deu tudo o que o Inter poderia querer, imaginar e mais um pouco.
Sua volta não seria compensadora dentro de campo, seria mais fora, para os olhos saudosos da torcida.
O Inter sabe que precisa se refazer. Sem Nilmar, com D'Alessandro afastado, se exibe como um time comum entre os grandes do país. Imagem que a reconstrução não passa pelos velhos e ainda ativos ídolos. Mas por novos, os que precisam provar a cada 90 minutos que têm sede de glória.
No Goiás, Fernandão pode ajudar a retirar o time do Planalto Central e oferecer o Brasil aos antigos fãs. Fazer o que fez no Sul. Pode ser coroado herói de dois mundos.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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