O Inter descobriu sábado. Detectou no Rio de junho um problema gaúcho de dois meses de vida. Entendeu que os jogadores são os culpados pela crise. Viu que eles já tiveram aproveitamento de 100%, bateram nos 70%, despencaram nos 30%.
Fernando Carvalho desceu ao vestiário do Beira-Rio e avisou. Entrou sem bater, pedir licença. A casa é sua. Ele é o dirigente histórico do Inter. Sua palavra vale por cem anos. Espelha a confiança de 100 mil sócios. Garante a palavra de meio Rio Grande.
O Inter está em situação de emergência. Palavra de Carvalho, que mandou D'Alessandro treinar separado em busca da sua melhor forma, que o faz um jogador diferenciado.
Carvalho gastou o verbo. Disse o que imaginava dizer. Carvalho é um torcedor, experiente, centrado e que, às vezes, despe o uniforme de torcedor para agir como dirigente, diferenciado que é
O Inter segue estratégia própria no primeiro dia da última semana de julho, dois intermináveis meses de maus resultados no futebol. Segura o técnico, protege Tite, elege o treinador como intocável. Joga toda a responsabilidade ao grupo, aos que querem jogar, aos que desejam treinar e ganhar, aos que estão se escondendo atrás de nomes e títulos recentes.
A decadência do futebol colorado é uma verdade. Dói. Começa pelo técnico, passa pelos dirigentes, explode nos jogadores, que ganham os melhores salários do país, recebem em dia e andam se movimentando como se o mês fosse idêntico ao do Flamengo, 90 dias que valem 30.
Dos 11 titulares históricos, pelo menos cinco são questionados dias e noites pela torcida, independentemente do horário do jogo. E são cobrados e são tema de conversa em casa, com amigos, nos bares da vida, na firma.
É impossível retirar todos ao mesmo tempo. O time se fragilizaria ainda mais. Cairia da tabela como um marinheiro mareado do navio nas ondas do Cabo Horn. É preciso agir como um cirurgião, afastar aos poucos os que fazem que jogam, mas não jogam, não querem a bola nos pés.
Mudanças radicais em meio ao campeonato são convites ao azar. É bom saber que os jogadores mandam nos clubes. Eles jogam quando querem. Jogam mais por um nome, menos por dois que não agradam. Jogador faz e derruba técnico.
Os dirigentes nomearam os culpados. São os jogadores. Todos.
Agora, o grupo precisa se depurar. Eles próprios sabem quem anda correndo, quem anda remando na noite. A bola fugiu da mão de Tite, saiu do alcances dos dirigentes, caiu nos pés dos jogadores. Ele serão os responsáveis pelas próximas corridas.
O recado está dado. Todos estão na alça de mira.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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