Com o uniforme de um time de rugbi argentino, mas sem o futebol, a história e a garra do Prata, nem a sua própria de outras Libertadores mais vitoriosas, o Grêmio foi nocauteado em Minas Gerais.
Levou 3 a 1 ao natural, um banho técnico e tático, de saúde e de vontade. Derrota sem contestação.
Os mineiros saíram festejando. O Cruzeiro encomendou as passagens da final. Falta embarcar, subir no jato. Joga por todos os empates do mundo, uma derrota por um gol em Porto Alegre, quinta-feira que vem.
O gol de Souza deu esperança mínima. Maquiou o futebol raquítico, desorganizado e improdutivo dos gaúchos. Afastou algumas críticas.
O Grêmio foi aquilo que alguns esperavam e imaginavam: um time entregue aos avanços do adversário. Afundou no primeiro teste de verdade da Copa Libertadores. Apresentou os mesmos problemas de sempre.
O 4-4-2 de Paulo Autuori naufragou. Jogou quatro vezes, empatou três, perdeu uma, fez três gols, levou cinco. Não é um esquema firme, nem goleador. É um esquema óbvio, nada criativo.
O Grêmio é um time isento de laterais, sem criatividade no meio de campo e sem gols suficientes para vencer um jogo decisivo.
O Grêmio começou bem, perdeu três gols no primeiro tempo. Perdeu com Maxi, depois acusado de racismo e pivô de uma grande confusão 30 minutos depois da partida, perdeu com Alex Mineiro, que não sabe mais marcar.
O fantasma do gol perdido continua acompanhando o Grêmio mesmo fora do Olímpico. O mesmo que ronda o clube desde o ano passado, quando perdeu o Brasileirão pela falta de gols.
É da lei do futebol, quem não faz gol, óbvio, leva. O Grêmio sofreu três, três falhas do meio da zaga, de zagueiros desatentos, de dois zagueiros acostumados a jogar com três zagueiros.
O Tricolor estava entregando as semifinais quando Souza encontrou um gol de falta. O gol da esperança como disse Wianey Carlet.
Souza esteve ausente do jogo. Não tanto quanto Tcheco. É impresionante como o capitão gremista some em jogos decisivos. Ele se perde, afunda, sucumbe na marcação. Fica nervoso, perde o raciocínio.
A soma de tudo mostrou um Grêmio carente, inferior ao Cruzeiro. Na bola nada indica que possa haver uma vitória gremista no Olímpico. Não se o Grêmio for o mesmo do Mineirão. Se mudar, talvez.
Para vencer o Cruzeiro por 2 a 0, por exemplo, o Grêmio precisa jogar o que ainda não jogou em 2009.
Precisa superar a confusão pós-jogo, quando a polícia mineira cercou o ônibus dos gaúchos em busca de Maxi López. O argentino foi acusado de racismo por Eli Carlos, mas negou. Ficou a palavra de um contra o outro.
O curioso é que Eli Carlos só denunciou Maxi López quase no final do jogo. Não no intervalo, minutos depois da suposta agressão verbal do atacante argentino.
A confusão se estendeu pela madrugada. Mesmo com ex-policias na sua direção, advogados e outros homens experientes, o Grêmio não conseguiu contornar a situação, negociar. Todo o grupo foi envolvido. Dois policias sacaram as suas armas contra os gaúchos.
O segundo jogo começou segundos depois do final do primeiro. Começou numa delegacia.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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