Colega de Zero Hora, Ticiano Osório, que é também um dos bons críticos de cinema de ZH, foi assistir ao recém lançado documentário "1983 - o Ano Azul", filme sobre a conquista mundial do Grêmio, em Tóquio.
O que ele viu...
O que ele que não viu...
O que o Ticiano gostaria de ter visto está escrito a seguir.
Eu ainda não consegui assistir ao documentário, vou ao cinema e prometo escrever a minha opinião neste mesmo canal nos próximos dias.
Leia abaixo a crítica do Ticiano
Um ano para lembrar, um filme para esquecer
As melhores cenas de "1983 _ O Ano Azul" são as do jogo que valeu ao Grêmio o título mundial de clubes _ e isso já indica o quão tíbio é o documentário em cartaz nos cinemas de Porto Alegre.
Não é que aquela decisão contra o Hamburgo em Tóquio seja desinteressante (e aqui estamos falando exclusivamente do ponto de vista cinematográfico). Para além da emoção perene do torcedor ao rememorar o 11 de dezembro de 1983, há uma série de elementos dramáticos que, na tela grande, ganham dimensões épicas, ainda mais que bem trabalhadas na edição do filme: o gol espetacular de Renato no primeiro tempo, o empate alemão a apenas quatro minutos do apito final (e feito pelo sujeito que o camisa 7 gremista, fora do gramado, com cãibra, deveria marcar), a jogada inesquecível do ex-padeiro de Bento Gonçalves no 2 a 1, já na prorrogação.
Tudo isso segue comovendo, assim como o espectador pode se surpreender com muitos outros lances da partida, raramente lembrados: uma ponte de Mazaropi, a tonelada de gols perdidos pelo time gaúcho (sobretudo por Caio), o sufoco que a defesa tricolor passou com as bolas alçadas à área.
Mas tudo isso também poderia ser visto em um teipe do jogo. O que cabia aos diretores de 1983 _ "O Ano Azul", Carlos Gerbase e Augusto Mallmann, era colher depoimentos pungentes, histórias de bastidores, quem sabe uma visão com distanciamento crítico. Há algumas revelações, como a que envolve a rusga entre Paulo César Caju e os demais jogadores. Alguns relatos são engraçados _ não dá para não rir com a marra de Renato. Mas falta muito para ser um bom documentário.
Porque, cometendo o mesmo pecado de "Inacreditável" e "A Batalha dos Aflitos", sobre a conquista da Série B de 2005, "O Ano Azul" não ouviu o outro lado. Concede-se que seja difícil, até por questões de verba, falar com ex-atletas do Hamburgo. Porém, não custaria montar um gráfico mostrando que o time tinha nomes da seleção alemã, como os zagueiros Jakobs e Hieronymus e o célebre meia Magath. Seria um investimento mais útil do que o par de animações canhestras que ilustra causos da época.
Além de unilateral, "O Ano Azul" desenvolve parcamente os assuntos levantados. Ao reprisar a Batalha de La Plata, aquele empate em 3 a 3 com o Estudiantes, pela Libertadores, o filme também deveria ter procurado ex-jogadores do clube argentino ou jornalistas de lá que embasassem _ ou mesmo negassem _ as suposições levantadas em cena de que todo aquele clima belicoso contra o Grêmio tinha motivos políticos: a Guerra das Malvinas e a cumplicidade brasileira com os militares britânicos.
Claro que, ao final, o torcedor é capaz de gritar "gol", de sair do cinema cantando o hino. Mas é aquela história: venceu, mas não convenceu. (Ticiano Osório)
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
Leia os termos e condições deste blog
Dúvidas Frequentes | Fale conosco | Anuncie - © 2009 RBS Internet e Inovação - Todos os direitos reservados.