O iluminado Andrezinho olhou o céu de estrelas e pediu por Deus. Foi ouvido. Acertou o gol, o lado direito do seu ângulo de visão, numa falta aos 44 minutos do segundo tempo. Venceu a barreira, fez 2 a 1, mandou o Flamengo de volta ao Rio. Um chute perfeito, equilibrado, macio, que o fã vai lembrar durante longos anos.
Um grito só de 48 mil pessoas fez do Beira-Rio um alto-falante e o Brasil pulou da poltrona. Trinta milhões de simpatizantes do Flamengo, a maior torcida do mundo, não soube mais o que fazer. Continuar no mesmo canal, buscar um filme, um seriado, um banho morno.
Inter e Flamengo foi um dos jogos mais eletrizantes dos últimos tempos no Beira-Rio. A emoção ocupou cada milímetro das arquibancadas do estádio. Sobrou adrenalina.
Todos os santos estavam ao lado do Inter na decisão. A sorte é escrava deles. A semifinal da Copa do Brasil é o novo e abençoado caminho dos colorados. O modesto e capenga Coritiba, sem Marcelinho Paraíba, é o próximo adversário. Nada que assuste. Nem um pouco, nem um segundo.
A vitória no último minuto, quando a classificação já tomava um Boeing no Aeroporto Salgado Filho, é um sinal que o título é possível. Guiñazu foi um gigante. Lauro esteve perfeito. Taison marcou o primeiro gol.
O fantasma passou. Era rubro-negro e ficou escondido atrás de uma árvore no meio do caminho. O outro, parado no final do túnel, é o Corinthians. Mas é outra conversa, é assunto de final de competição, papo do mês que vem.
O Inter venceu apesar dos seus erros. Levou o primeiro tempo, fez 1 a 0, controlou o jogo, vacilou no segundo. Tite confiou demais na marcação, fechou o time, esqueceu o ataque, cedeu o controle de bola ao adversário e quase entregou a classificação a partir das substituições errados.
Tite teve medo de atacar, preferiu usar três volantes, ao contrário de optar pelo toque de bola de Andrezinho. Todos os cacoetes retranqueiros de Tite reapareceram milagrosamente. O medo e a ousadia são dois problemas do técnico.
O Deus que protegeu Andrezinho, como ele mesmo disse depois da partida, não é o mesmo que orientou Tite. Os dois precisam conversar, as divindades devem se encontrar.
Andrezinho deve mostrar o real. Dizer (outra vez) que ele, Andrezinho, é o mais titular dos reservas. Quando alguém do meio-campo deixar os titulares por qualquer razão, ele é o primeira nome. Precisa ser. Ele, um meia que conversa com o Criador, pede milagres e é atendido. Vence a partida e faz gol em decisão.
Andrezinho, o iluminado Andrezinho.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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