É difícil criticar um time que alcançou o melhor retrospecto entre os 32 clubes da Copa Libertadores. Os bons resultados impedem uma visão mais clara da realidade.
Foi aparentemente fácil notar alguns problemas antigos que reapareceram na estreia do Brasileirão. Contra o Santos, adversário bem superior aos quatro que o Tricolor encontrou na sua vitoriosa rota do torneio continental, o time do interino Marcelo Rospide sofreu com a marcação, suou com o ataque, padeceu com o empate. Empatou.
Duas competições não se comparam, porém o Santos encontrou algumas debilidades na equipe do Grêmio. Exibiu algumas. Anotei nove. A décima é por sua conta, leitor. Leia:
Primeira – No sistema 3-5-2, os zagueiros precisam sair jogando como volantes. Léo e Réver conseguem. Rafa Marques é zagueiro à moda antiga. Só defende.
Neste sistema, os alas precisam ser ao mesmo tempo, a cada momento, lateral, volante e meia. Eles são o coração do sistema, eles bombam saúde ao time. Quanto melhor o ala, mais qualificado é o esquema 3-5-2.
Ruy e Fábio Santos ajudam a trincar o esquema. Fábio guarda mais posição, Ruy é um nômade avoado. Falta qualidade, habilidade e inteligência para que Ruy e Fábio consigam alcançar a linha de fundo e completar a jogada, fazer o cruzamento, alimentar os atacantes.
Segunda – Tcheco está atuando na posição errada. Como segundo volante, como um dos principais marcadores do time, seu futebol de qualidade some, desaparece na sua intermediária. Tcheco precisa ser o terceiro homem, deve ganhar liberdade para criar, se movimentar, passar e lançar. Ele rende mais atuando mais distante da defesa, mais próximo do sistema ofensivo. Foi onde ele fez as suas melhores partidas com a camisa tricolor.
Terceira – Jonas é o legítimo atacante que tem medo do goleiro na hora do gol. Ele sempre treme antes do toque final. Chuta errado. Não pense que Jonas é mau jogador. Não é. Ele se movimenta pelos dois lados do ataque, entra na área, mas não é um atacante confiável. Não pode ser o segundo atacante porque raramente faz a jogada de linha de fundo.
Quarta – Esqueça os gols de Maxi López se os seus companheiros desistirem de cruzar bolas na grande área adversária. O argentino vive das jogadas de linha de fundo, cruzamentos rasteiros ou pelo alto. López é homem de grande área, não é do drible. Precisa de assistência, não é o atacante de grande jogada pessoal, mas é matador.
Cinco – O futebol do Grêmio é de um jogo rápido, veloz, sempre em busca do ataque. Um dos problemas é a falta de toque de bola, de posse de bola. O time precisa reter mais bola, tocar e receber, rodar, passar aqui, receber mais adiante. Há uma insistência com o bolão, o chutão, o lançamento impossível para o atacante cercado por dois zagueiros e um volante. É preciso calma em determindos momentos.
Seis – Adilson pisou 2008 como uma das esperanças. Começou bem e não está mal. Mas poderia estar melhor. Seus erros de passe são comuns. Ele precisa aprimorar o passe, corrigir os lançamentos, aprender a chutar a gol. O volante dos nossos dias precisa saber marcar, passar e chutar.
Sete – O repertório de jogadas ensaiadas se aproxima do zero. Não é falta de tempo, é ausência de treino, é desinteresse. Cobrança de falta bem ensaiada é meio gol. A força área gremista de bom retrospecto em 2008 saiu do ar.
Oito – Victor é o melhor goleiro do Brasil. Só não é um dos três goleiros da Seleção porque Dunga anda olhando para outras áreas (agora com a lesão de Doni ele deve ser chamado). Mas Victor ainda precisa trabalhar sua reposição de bola, que deve ser mais rápida, segura e certeira. Com a mão ele vai bem, como o pé nem tanto. Victor precisa ler com mais atenção e rapidez as opções de ataque quando está com abola nas mãos.
Nove – Reforçar o time é uma obrigação, é uma certeza de bom futuro: um zagueiro seria bem-vindo, ao lado de um lateral esquerdo titular (Jadílson não consegue recuperar a forma que o fez no Goiás) e um meia de qualidade. Brasileirão é um campeonato longo e é preciso qualificar o grupo.
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Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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