Ao destronar Celso Roth, o Grêmio criou um vazio no clube. Agiu certo, mas muito atrasado. Perdeu um técnico contestado e hostilizado e ainda não anunciou seu sucessor 21 longos dias depois.
Abril se vai, galopando no calor, e um elogiado interino ocupa o posto de um titular na principal competição de 2009. O Grêmio assumiu o risco.
A direção arrisca seu longo pescoço. O Grêmio coloca ao lado da lâmina do carrasco o seu futuro imediato. Um bom e experiente técnico sempre faz falta, quase sempre nos momentos mais decisivos. Um preparador físico com um projeto de longo prazo seria fundamental.
O inferno astral da direção gremista dura três longas semanas de encontros e desencontros, tentativas e erros. Os dirigentes precisam oferecer explicações todos os dias, dias e noites. Sempre esgrimindo com os repórteres, pulando nomes, dando voltas, fugindo do ponto, usando Marcelo Rospide como escudo.
O futuro técnico domina o diálogo. Os reforços nunca chegam.
Os nomes dos treinadores vão e voltam. Passam Geninho, Ney Franco e Renato Portaluppi. Falou-se em Alfio Basile e plantou-se Vanderlei Luxemburgo (o Palmeiras agradeceria). Ficou Marcelo Rospide, o interino, enquanto Paulo Autuori, o preferido, não desembarca em Porto Alegre.
O único desempregado é Renato, o ídolo, mas a direção não o quer. Não vê experiência no ex-atacante, mas observa vivência no ex-auxiliar Rospide.
O nome preferencial é Autuori. Sua liberação é uma viagem das mil e uma noites. É um mistério. Autuori nunca disse uma frase sobre o interesse gremista. Estranho!
O Grêmio não esperaria tanto tempo para contar com Geninho e Ney Franco, os dois com títulos brasileiros no seus respectivos currículos. Não seria lógico.
O que mais chama a atenção em Rospide, de acordo com a direção, é "a competência". Ele trabalha nesta terça (Boyacá Chicó), segue no comando no primeiro mata-mata, entre 5 e 7 de maio, e ninguém descarta vê-lo no segundo movimento, se o Grêmio avançar pelas quartas-de-final.
Os homens do futebol destacam a "harmonia" do vestiário. Qurem mantê-la. Junto, chega a declaração que a continuidade de Marcelo Rospide (leia-se Mauro Galvão como assessor direto) por mais um tempo, Libertadores, Brasileirão, é uma "possibilidade". Muito boa, caso Autuori desista.
A possível chegada de Autuori na terceira segunda-feira de maio, dia 18, não consegue obedecer um planejamento. Não tem como. O Grêmio pode estar fora da Libertadores ou vivíssimo nas quartas-de-final.
Rospide precisaria fazer a transição, apresentar os jogadores ao novo técnico, falar do time, apontar os reservas, dizer quem é quem. Autuori vive fora da realidade brasileira, talvez conheça de nome, mas não sabe das características de Douglas Costa.
Técnico, qualquer um, é incapaz de operar milagres. Precisa de tempo, de treino e de sequência de jogos. Seu esquema não é transmitido em palestras entre quatro paredes. É desenvolvido na boa grama todos os dias.
Apesar da saudável liderança no Grupo 7, da proximidade do topo da primeira fase da Libertadores, a direção gremista vive momentos tensos, difíceis. A contratação do novo técnico não permite erro. Um só.
O campo de testes do Gauchão acabou e foi um fracasso absoluto. A Libertadores e o Brasileirão não permitem mais experiências, novas provas. O tempo dos treinos valendo três pontos sumiu. Maio será o mês da verdade. Do bem ou do mal.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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