Jogadores gremistas comemora um dos gols em Santiago. Eles estão ao lado de Marcelo Rospide, que joga junto com o ex-técnico Mauro Galvão, que tem a confiança da direção, mas todos sabem dos perigos extremos do mata-mata na próxima fase da LibertadoresFoto: Roberto Candia, AP |
O carioca Paulo Autuori é o cara. O Grêmio sabe e espera maio chegar. Entre clube e técnico está tudo ok. Entre clube e outros técnicos de currículo maior, menor ou aproximado não há nada.
A especulação chega de outro lado, de empresários interessados, de treinadores de olho na cobiçada vaga. É ótimo dirigir o Grêmio numa Libertadores. O desejo dos profissionais dobra. Vanderlei Luxemburgo sabe (e o Palmeiras está louco para se livrar dele e e dos seus quase 500 quilos de salário mensal).
Ao esperar Autuori com a paciência dos namorados apaixonados no Aeroporto Salgado Filho, boas vindas e tudo o mais, o Grêmio tomou uma decisão definitiva. Arrisca tudo. Se protege no interino, se agarra numa certeza que não tem. Mas o Projeto PA vale o risco, mesmo que a Libertadores seja a isca.
Marcelo Rospide ganhou a confiança dos dirigentes nos 180 minutos que usou o abrigo que era do esconjurado Celso Roth – que caiu, não caiu, quase caiu durante 100 dias. Com ele, o Grêmio perdeu seu primeiro trimestre sem organizar um Plano B. Mas sabia, foi avisado, sacudido, meio mundo dizia que Roth não era a solução. Não foi. Mesmo. Ele caiu e a direção ficou no ar. Ainda espera o Messias.
Com Rospide, o Grêmio tentar tirar algo especial de um profissional que nunca apareceu com grande destaque no Olímpico em quase duas décadas. Ou as avaliações foram mal feitas, ou Rospide se revela agora. Foi bem em dois jogos. Exibiu aptidões. Ganhou o cargo de interino, a mão amiga dos jogadores, a simpatia dos torcedores. Ganhou fôlego e confiança, combustível de todos os técnicos.
Não imagine Rospide como um homem solitário no banco de reservas, nadando contra a correnteza dos palpites dos dirigentes. Ele não está só.
Mauro Galvão é o seu longo braço direito, o homem atrás dos gestos do interino, um ex-técnico camuflado no banco de reservas, voz ativa nas preleções, ouvido amigo na hora das reuniões de análise dos adversários.
Vale esperar Autuori? Claro. Só que a espera é o mesmo que cruzar um sinaleira no vermelho. Nunca se sabe o que vem do outro lado. Rospide foi bem contra dois adversários de qualidade inferior, embora vencer no Chile nada tenha de menor. Você viu. A tevê exibiu a partida.
Rospide vive o Olímpico desde os anos 1990. Foi chamado apenas agora e num momento de desespero. Não imagine Rospide como o salvador da grande nau tricolor. Ele não é, sabe que não pode ser. Contra o Boyacá Chicó tudo bem, tudo legal. O que vem depois é que vale, na curva assassina do mata-mata das oitavas de final tudo se revela, nada se esconde, sobrevive o mais corajoso.
A pergunta é: será que Marcelo Rospide tem talento para preparar um time para um intenso mata-mata do maior torneio de futebol do continente?
A direção gremista acredita que sim, diz que sim, pede apoio, convoca a torcida. A direçãoo chama de técnico até o desembarque de Autuori. Rospide e Galvão. unidos, para o que der e vier. O Grêmio que se prepare, que não se queixe depois. Os interinos às vezes pagam pelos piores pecados da turma lá de cima.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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