O empate é tolerável, a derrota aproxima a preocupação. Vencer La U no Chile, por outro lado, solidifica o Grêmio na liderança do Grupo 7 da Copa Libertadores e favorece sua entrada na segunda fase do torneio continental. Garante um adversário teoricamente mais limitado e o segundo jogo no conforto de Porto Alegre.
A disputa do segundo jogo em casa é saudado por uns, atacada por outros. Ele não segue uma lógica. O sistema mata-mata é cruel porque nem sempre o time consegue se comportar bem em seu estádio (ou fora). A receita é envolver o adversário na primeira partida e esperar o segundo com a calma e a certeza dos vencedores.
O Universidad é adversário médio. Não assusta fora, complica um pouco nos seus domínios. Mas pode ser batido sem um esforço supremo, um jogo heróico. O Grêmio vai depender demais das mãos de Víctor. Os chilenos gostam de atacar. Vivem para tanto, correm por eles e pelos outros. O conta-ataque é a outra arma gaúcha.
Víctor viveu momentos iluminados no Grêmio de 2008. Foi o melhor goleiro do Brasileirão.
Víctor pisou em 2009 sem a mesma luz da temporada passada. Não repete as mesmas atuações, talvez pelas oscilações do time. Mas todos conhecem o seu potencial. Víctor tem potencial para a Seleção.
Na bela e agradável e segura Santiago, o Grêmio vai precisar do melhor Víctor. Ele será jogador decisivo para uma boa jornada do tricolor. Se ele for o que ele realmente é, um goleiro seguro, exuberante embaixo do gol, com uma colocação superior (ele às vezes parece que advinha a jogada), o Grêmio volta mais feliz do Exterior.
O palco do jogo é que sempre causa arrepios, não o adversário. O Estádio Nacional de Chile, 77 mil espectadores, foi usado como campo de concentração na ditadura chilena. Cerca de 40 mil pessoas passaram pelo local, foram interrogados no velódromo, muito desapareceram depois.
Ao fundo se vê a majestosa Cordilheira dos Andes, cadeia de montanhas que segue o oeste da América do Sul, com uma altitude média de 4 mil metros. Trabalhei em jogos e cobriu um show do Lenny Kravitz (excelente, ao vivo ele é 100 vezes melhor do que em disco ou em DVD) no estádio.
Eu andei nos seus corredores, visitei vestiários, caminhei no subsolo e confesso que nunca me senti bem no local. Fui tomado por uma sensação estranha, uma vontade de sair logo daquela estádio lúgrube, sombrio, de tão más lembranças, mesmo que o Brasil tenha vencido a Copa do Mundo de 1962 no Estádio Nacional, mas a celebração brasileira (entre outras tantas locais) foi antes da maldição Pinochet.
Espero que os fantasmas do Estádio Nacional não assustem os gremistas. Não os incomodem. Eles nasceram em 1973. Farão 36 anos em setembro.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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