Há uma boa e fértil colheita de atacantes no Brasil. Do centro ao sul, do repatriado Fred ao reformado Ronaldo, do veterano Washington ao jovem Keirrison, da revelação Taison ao matador Cleber Pereira, entre outros. Eles sobram, empilha gols, fazem dos seus salários uma certeza de três dígitos. Oferecem esperança aos fãs. Despertam o grito único.
Enquanto olham os seus homens de frente, mirando os outros como exemplos, o Grêmio se pergunta: "O que se passa com Alex Mineiro?".
Sem Alex, o ataque gremista engatinha, depende dos zagueiros, dos meias, do esforço do Maxi López, dos gols de Jonas, especialista em marcar em jogos mais fáceis, tropeça na má fase de Herrera. Fosse um pouco mais qualificado, Jonas, 16 jogos, nove gols, seria hoje um dos goleadores do país.
Alex, o atacante favorito do Olímpico, nome e sobrenome do gol, pai de todas as esperanças, anda mudo. Uma lesão o tirou da grama. Antes, a má fase o baniu do mundo do gol. Alex está brigado com as redes.
Alexander Pereira Cardoso, 34 anos, 12 jogos (três pela Libertadores) em 2009, quatro gols, foi no ano passado goleador dos dois campeonatos mais difíceis do pais, o Paulista e o Brasileiro. Fez gols de todas as maneiras: de cabeça, de bico, de peito de pé, esquerdo, direito. Alex conhece todos os caminhos do gol desde 2001, quando foi goleador e campeão brasileiro com o Atlético PR.
O irreconhecível Alex tricolor passa longe do Alex de anos recentes. De azul, nos primeiros 100 dias do ano, ele foi tudo menos o atacante matador que é. Foi garçom cinco estrelas, homem da tabela, assistente especial, um útil segundo atacante. Foi tudo que ele é longe de grande área, foi 50%. Não foi 100% porque o gol que era seu desapareceu.
Alex deve voltar no final do mês. Ninguém sabe como. Renovado, goleador? O mesmo, apenas assistente? Das 10 contratações da temporada, ele era a única certeza, a referência de gols, a dor de cabeça dos zagueiros adversários. Ele chegou com o carimbo do gol tatuado na testa.
Alex nunca jogou o esperado, o sonhado. Não fez a Geral levantar, o Olímpico tremer. Alex perdeu o imã do gol. Sabemos todos que centroavantes de carteirinha podem perder o faro do gol durante um período, uns meses, uma sequência de jogos.
É mal passageiro. O que ninguém sabe é o motivo da ausência de gol. Não existe documento científico que consiga a apontar o problema.
No Chile, sem Alex, com Jonas, Maxi e Herrera disponíveis, o Grêmio soma três atacantes, mas sente de falta de um. O melhor deles vai estar na frente da tevê, como milhões, torcendo por um gol. Imaginando que seu chegará logo depois, aquela que vai escancarar a porta de saída da má fase. Quando a necessidade for ainda maior.
Os centroavantes, não importar a cor da camisa, estão sempre prontos para fazer o impossível, assim como os santos das causas perdidas. Até mesmo superar um jejum de gols. Alex precisa de um gol, de uma dose de confiança, de uma pitada de sorte. Que faz gols jamais esquece. Se atrapalha, tropeça no zagueiro, bate cabeça com o goleirol, mas não perde a mania.
Ou como disse o holandës Van Basten, o professor deles todos, "gol é como andar de bicicleta, você não desaprende, apenas perde o equilíbrio em determinados momentos".
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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