O momento tricolor é tenso. A direção vive o seu maior desafio em três meses. Precisa contratar um novo técnico. Não pode errar. Mas precisa pensar muito, analisar, discutir, escolher:
1) Vamos ao extremo logo na primeira linha. Cruyff, um dos cinco melhores jogadores do século passado, foi jogador símbolo do Barcelona. Era um holandês cultuado na Espanha (e no mundo). Voltou como técnico. Fez um time soberbo. Ganhou títulos nacionais e uma Champions League.
2) Elías Figueroa voltou ao Inter como técnico na década de 90. O antigo zagueiro, superzagueiro, seria a solução de abrigo na beira do gramado. Não foi. Fracassou. Culpa dele, técnico sem as qualidades necessárias, culpa da estrutura do Colorado na época. A imagem de Figueroa ficou arranhada. No calor dos maus resultados, a torcida não quer saber do passado. Só o presente interessa. Figueroa aprendeu uma lição.
3) Ao especular com Renato, o Grêmio não pode imaginar que o ex-craque histórico do Olímpico possa desembarcar no Aeroporto Salgado Filho como uma varinha mágica na mão. Do toque milagroso, único, nascerá um novo time, uma outra esquadra invencível. Não. Futebol é trabalho, o dobro do que você imagina, repetição e não sorte. A figura de Renato é emblemática, mas não é mágica. Dá esperança, mas não promete nada.
4) Ao comparar Figueroa e Renato, dois emblemas locais, vejo que o segundo chega (se chegar) muito mais preparado que o primeiro. O ex-atacante chega com um título nacional e um vice continental na sua bagagem, alguma experiência, mas ainda não está na lista dos 10 melhores técnicos brasileiros. É novo na profissão, precisa ainda de uma sequência de trabalho, mas é um técnico carismático, sabe tratar os jogadores, mas às vezes fala sem pensar, se mostra arrogante de vez em quando e polêmico – como era nos seus tempos de craque. Ele sabe tudo sobre motivação, sabe lidar os seus jogadores, sabe quem é quem no vestiário, mas ainda engatinha na parte tática. Quando jogador, a parte tática sempre foi uma matéria que ele pulou (confiava mais no seu potencial, na sua qualidade, dribles e gols). Bons e exemplares treinadores na parte tática e na disciplinar, do gaúcho Ênio Andrade ao mineiro Telê Santana, nunca faltaram ao jogador.
5) A direção do Grêmio vive momentos tensos e especiais. O vestiário está acéfalo. A escolha do novo técnico é muito complicada. É arriscada. Buscar um treinador tampão, de passagem, de uma tarefa só, é um risco do tamanho do Olímpico e da Arena, somados. Não dá para contratar alguém hoje e demiti-lo ainda na Libertadores, caso os resultados não convençam. Aí, o Brasileirão fica totalmente comprometido, pois seria preciso buscar outro técnico imediatamente num mercado nada promissor e que não se renova rapidamente. Não há direção que resista no cargo com três técnicos diferentes em apenas um semestre.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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