Derrota em Gre-Nal provoca uma ininterrupta caça aos culpados. O mau resultado nunca é obra do coletivo, é sempre individualizado no inconsciente coletivo. Muitas vezes, seja de um lado ou de outro, o acusado da grande falha, do maior erro, da derrota, não terá outra chance com as camisas azuis ou vermelhas.
O Gre-Nal sepulta jogador de futebol e a Capital é um cemitério cheio de corredores. Ele pode receber outra chance em clubes de fora da cidade, longe dos estádios Beira-Rio e Olímpico. Bis, nunca.
Por outro lado, uma performance especial o glorifica e o faz santo. O herói dos clássicos têm cadeira cativa nos corações dos fãs. Há uma fila deles na memória de cada torcedor.
A derrota no Gre-Nal 376 afeta mais o Grêmio ou o Inter? Eu vou direto para a resposta B. Pelas mãos indomáveis do destino, o terceiro clássico do ano surgiu de uma hora para a outra justamente no final de semana do aniversário do Inter. Ninguém estava preparado, ninguém queria o jogo.
Queiram ou não, a partida ganhou nova cor, importância e permanecerá na história como o "Clássico do Centenário". Uma derrota mancha a festa colorada, murcha os foguetesm ganha a piada de bar. Não mancha o Centenário, comemoração que tem o seu valor independentemente do momento do clube.
Por outro lado, a derrota vermelha ajuda a promover novo enfrentamento com o rival na decisão do campeonato. O que não acontecerá se o Grêmio cair no Beira-Rio. O tricolor dá adeus ao Gauchão. Se despede do seu primeiro título.
Do lado tricolor, a derrota não vai somar 1 mais 2. Não vai acontecer nada. Ela não importa mais nas contas da atual direção tricolor que matou as aulas de planejamento, de administração de vestiário e as vezes de clube. O Gre-Nal não importa mais como em recentes anos.
Celso Roth, patrimônio da atual direção, e o clube inteiro só pensam e falam em Libertadores. Os neurônios trabalham na competição continental. Roth teme os clássicos, teme Tite mais.
A direção mostra falta de comando, do topo ao pé. Bastava decidir a questão no começo da temporada. Reservas no Regional, força máxima na Libertadores. Acertar o discurso com o corpo técnico. Mas não fez nada. Mudou e misturou os times, perdeu dois clássicos, levou quatro do Caxias, nem sabe mais se tem um time titular.
As declarações de Souza, nesta sábado, reclamando, indignado, nos microfones da falta de critérios da direção, é um sintoma grave. Fazia anos que nenhum jogador do clube se manifestava fora das linhas traçadas pelo departamento de futebol. O vestiário mostra brechas visíveis.
Os últimos acontecimentos no Olímpico (e fora dele) lembram o ano do centenário gremista. Não esqueça. Polêmicos personagem daquela desesperada jornada estão de volta e com plenos poderes.
Perder Gre-Nal, foram dois em dois, pouco importa aos atuais dirigentes, mesmo com a casa bamba. Seu negócio é Libertadores, o que é certo, mas não pode ser visto de maneira isolada. Mas onde se forma um time campeão da Libertadores? Em treinos e amistosos. Mas não seria também no calor da disputada Gauchão? Claro. Bastava usar os titulares na dose certa. Apostar nos titulares numa decisão 48 horas antes de um jogo da Libertadores não parece algo pensado, estudado, refletido.
O Inter se guarda, se fecha, tenta proteger os seus jogadores do clima de festa. Ninguém pode e nem precisa. Jogador de futebol sabe do seu lugar nas festas dos clubes. Um centenário é tão grande e em qualquer lugar que fica impossível sua comemoração não cruzar o cimento de um vestiário.
O Gre-Nal eleva o Inter como favorito, campeão do primeiro turno, melhor ataque e melhor defesa, invicto na competição. O time é melhor, o clube parece mais sólido, os dirigentes mais ajustados ao momento do futebol brasileiro.
Mas em clássico, você, eu e a torcida dos dois somados sabemos que qualquer palpite é um convite ao desastre e pode ser usado contra você e eu depois das 19h horas de domingo.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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