Quatro gols de um lado, zero do outro. Quem viu uma camisa não acreditou na outra. Pareciam times com as cores trocadas. O salário de um dos azuis, Maxi López, pagava 10 vezes o soldo mensal de todos os grenás. Os 4 a 0 do Caxias no Grêmio no dia 2 de abril de 2009 poderia ter nascido 24 horas antes para o descrédito popular. Mas foi verdade, a rede sacudiu quatro vezes. Foi a tarde da verdade, não da mentira clássica.
Depois dos 90 minutos, a derrota apertando a garganta, oxigênio curto, as desculpas chegaram em cachoeira, em torrentes. Era Gauchão, era um time misto, eram 11 desentrosados, era a grama, o juiz. Faltou culpar a altitude da Serra. O Caxias foi a Bolívia do Grêmio. Fez quase o impossível.
A derrota não foi a primeira da temporada, não será a última, mas foi a mais vexatória. Goleada no Interior é sempre uma derrota especial, que mexe com o clube, que faz a direção repensar seu entorno, que sacode as estruturas.
O planejamento do Grêmio é uma colcha de retalhos costurada com linhas desiguais. A direção desdenha o Gauchão, usa time misto, mas os reservas não treinam juntos, não se conhecem, não sabem como se comportar em campo. Não há organização, uma idéia tática, uma concepção de futebol. É uma equipe entregue ao nada. Bons jogadores num esquema sem noção.
A derrota é um triste sintoma gremista dos nossos dias. Todos sabem, mas se agarram na bóia da Copa Libertadores. Como se na Libertadores o Grêmio, mesmo líder, estivesse jogando um futebol superior, capaz de motivar, encantar, encostar nos canecos.
O Grupo 7, você sabe medir, é o mais fraco da competição, o que não retira os méritos dos sete pontos em três jogos, dois deles na altitude, no Exterior. O que não se vê é um futebol consistente, vencedor, confiável.
A campanha do segundo turno do Campeonato Regional é decepcionante. Mostra, antes de mais nada, o poder do grupo do Grêmio, a qualificação da sua comissão técnica.
Derrotas acontecem, não são naturais, se forem, é o fim, mas é preciso tentar enxergar além dos 4 a 0. Observar que no 2º dia do quarto mês do ano o Grêmio da Libertadores ainda não tem um time confiável, ainda não entrou na rota do Tri, ainda não dá esperança.
Na outra esquina, novo Gre-Nal e o Inter é o fantasma da temporada. Anda vencendo todos os clássicos, o Grêmio não encontra seu caminho no seu maior jogo e nem sabe encontrar outra rota. Roth perde Gre-Nal como troca de abrigo desde 2008, desde o segundo que vê Tite nas proximidades.
Quem ainda aposta no Grêmio 2009? Ou você acha que ao vestir a camisa da Libertadores todos os jogadores se transformam?
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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