O argentina Herrera entrou no segundo tempo na Colômbia no lugar do lento Alex Mineiro, perdeu gols como Jonas e Souza, mas ajudou na primeira vitória gremista na 50º LibertadoresFoto: Fernando Vergara, AP |
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Souza abraçou Celso Roth com gestos de um filho saudoso, arrependido pelos erros coletivos, depois dos 95 minutos no calor do vestiário. Roth aceitou. Sorriu como nunca nas últimas duas semanas. Tirou 500 quilos das suas costas. O carinho significava a segurança do seu emprego de volta, pelo menos temporariamente. Eduardo Gabardo descreveu a cena na Gaúcha. Eu copiei.
Souza fez o gol solitária aos 31 minutos. O chute de falta, forte, no canto, não conta a história do jogo nos 2.8 mil metros de altitude de Tunja. Se as situações de gol resolvessem desvendar a realidade da partida, o escore seria seis vezes mais, quem sabe sete.
Jonas, sozinho, conseguiu perder o gol mais feito do mundo. Perdeu três vezes na mesma jogada no interior da grande área do Boyacá Chicó. A cena é rara, digna do Guinness. Mas só reforça a superioridade dos gaúchos na Colômbia. Antes e depois o mesmo Jonas perdeu outros, Souza desperdiçou, Herrera não acertou. Gremistas de poucos cabelos perderam todos.
La Independência é um típico estádio do interior gaúcho, com a qualidade da grama superior. O Boyacá Chicó parece da nossa mesma região, com um pouco mais de experiência. Unidos, não assustam. Em casa, o Grêmio parecia o local, correndo muito sem a imprevisibilidade da altitude. O outro, lento, pesado, sem força ofensiva, lembrava um visitante, valendo-se apenas da sua técnica.
O Grêmio esperava muito mais do adversário estrangeiro, mais rapidez, agressividade, vontade de vencer. Sufoco, abafa. Não viu nada. No primeiro tempo, os colombianos fizeram apenas três faltas e era Copa Libertadores, decisivo e ainda atuavam ao lado dos seus fãs. O jogo foi sempre dos gaúchos, um domínio avassalador, mas com a costumeira falta de gols – os únicos atacantes do planeta que têm medo do gol, dos goleiros, das goleiras.
Fustigado pelo mundo tricolor, Roth encontrou certa serenidade no Exterior e pensou bem o jogo, onde Réver, como volante, foi o melhor, dominando o meio-campo, uma patrola na frente da área. O treinador limou o 3-6-1, guardou o bom 3-5-2 e adotou um clássico e bem postado 4-4-2 (com algumas variações), talvez mirando o exemplo dos matadores da Champions League.
A vitória renovou o oxigênio, inflou a bola de Roth, destinou um sopro de vida aos torcedores. A direção pede mais crédito ao treinador. Fala em superação. Promete novas conquistas.
Quem decide é a torcida, mais calma agora, segunda colocada no Grupo 7. Uma vitória é sempre capaz de provocar milagres. O do perdão e o da aceitação são apenas dois deles.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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