Dois times copeiros, dois candidatos aos títulos caseiros e europeus, dois monstros da melhor grama se apresentaram num jogo único na Inglaterra. Único porque um deles sofreu uma inesperada e arrasadora goleada de manchar currículo.
Os 4 a 0 do Liverpool sobre o Real Madrid foram uma novidade, algo incomum, raro. Mas não foi injustiça, creia. Foi um legítimo banho de bola. Pelo quinto ano consecutivo o Madrid cai nas oitavas-de-final. Desta vez em Anfield, a fortaleza do Liverpool. Madrid sabia do perigo, desafiou e caiu. Mostrou que não tem mais o preparo de outros tempos para enfrentar uma competição continental.
Só o Liverpool jogou, ganhou, cantou, festejou e está entre os oito finalistas da Champions League. O Madrid tentou, mas a superioridade técnica e tática era maior que o Canal da Mancha. Naufragou como uma canoa quebrada nas rochas das irregulares ilhas britânicas.
Os espanhóis, com o recorde de nove títulos, os ingleses, com cinco, são sempre favoritos em copas européias. Na estrada sempre fica um. Passou o Liverpool mesmo que o goleiro adversário, o excelente Casillas, tenha sido o grande nome do jogo, apesar dos dois gols de Gerrard, da movimentação de Babel, a segurança de Mascherano. O ex-gremista Lucas jogou parte do segundo tempo. Foi discreto.
O Liverpool usou o clássico 4-3-3, com pequena variação, adotou três atacantes e na primeira meia de jogo liquidou o visitante com dois gols, um deles gerado após um pênalti inexistente. Três atacantes é sempre uma boa opção quando se joga em casa, empurrado pela força da torcida.
Mas todos os três atacantes (Kuyt, Torres e Babel) não se transformavam em postes fincados no cimento na hora do ataque adversário. Pelo contrário, vestiam a camisa dos volantes e combatiam como defensores, marcando a saída de bola, atucanando os zagueiros, pegando os alas, partindo para cima dos homens de meio-campo. Não deixavam ninguém livre.
A organização, a disposição e a velocidade do Liverpool, bem como a superioridade técnica dos seus jogadores, não ofereceram uma só chance ao time do instável zagueiro brasileiro Pepe. Derrota justa, exemplar. Uma lição. Aliás, os técnicos brasileiros viciados em dúzias de volantes poderiam se mirar nos exemplos de Rafa Benítez, um dos melhores técnicos do mundo, e aprender como se ergue um time ofensivo, sem abdicar dos cuidados defensivos.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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