Celso Roth era um desalento só. Uma usina de duas velas de chamas baixas na beira do gramado úmido do Olímpico da quinta-feira, seis dias antes da decisão na Colômbia. Sua energia roçava o zero e impulsionava o time que recebia o nada.
O resultado final foi uma opaca igualdade. O 1 a 1 foi uma injustiça. O Ypiranga perdeu duas chances vivas de gol no segundo tempo na cara de Victor. O Grêmio que emergiu depois do Gre-Nal se portou como um time sem ambição, sem comando, sem idéia, sem motivação. Como um quase nada.
Quando Makelele, que nem foi mal, é chamado para substituir Tcheco, os sinais de que o treinador está perdido são tão fortes quando as vaias dos fãs. Quando três zagueiros e dois volantes são convocados para enfrentar um time do Interior as placas de identificação garantem que a estrada está mal sinalizada. Quando o centroavante é mais garçom do que centroavante real o gol é um problema quase insolúvel.
Roth foi vaiado intensamente do primeiro ao último minuto. Achou normal. No gol de Jonas, a satisfação ficou embaralhada com a indignação. Na saída, os torcedores passavam pelo vestiário tricolor e pediam aquilo que a atual direção não pode dar. Pulso firme, decisão forte. Uma luz.
Os dirigentes atuais lembram em seus discursos vagos os sucessores de Guerreiro, os antecessores de Odone. Garantem que Roth fica. Estão abraçados. Vão adiante, pedem crédito. Têm certeza que podem reverter o quadro.
A Libertadores que prometia um oásis ganhou o ar seco do Sahara. O Tri é miragem. Os 11 que correm em campo não prometem um alento. O comandante de campo, R$ 220 mil mensais, um dos três treinadores mais bem pagos do país e da América Latina, promete muito menos. Nem ele, muito menos eu e você, ficaria surpreso com uma demissão.
Depois de perder o clássico, o segundo em sequência, o Grêmio voltou a pisar na grama pelo Gauchão. Não jogou nada, não apresentou nada de especial, não exibiu uma só jogada ensaiada, empatou no Olímpico com um time do Interior.
A queda continua, o Ypiranga foi apenas mais um degrau. O fundo do poço é ali adiante, talvez em terras estrangeiras. Orgulho do Grêmio, a Libertadores pode ser o fim de um semestre que andou brilhando recentemente em olhos azuis.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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