Colega de ZH, Gabriel Brust ajudou a produzir as duas elucidativas páginas da edição desta sexta-feira que tocam nos projetos dos estádios da Dupla. Olha o que ele pensa da Arena:
1) Depois de passar os olhos pelas 11 páginas do Projeto de Lei que pretende modificar o regime urbanístico de duas partes da cidade para a construção do projeto Arena do Grêmio, resta ao leitor uma questão intrigante. O texto assinado pelo vice-prefeito Eliseu Santos e encaminhado à votação na Câmara Municipal _ que deve apreciá-lo no dia 29 _ oferece ao empreendedor vantagens que nem ele próprio solicitou. O projeto trata, em um mesmo texto, das novas regras para construção tanto no Humaitá, onde ficará o complexo da Arena, quanto no terreno do Olímpico, que depois de 2012 será da OAS.
2) No texto do projeto da prefeitura, a altura dos prédios e o índice de aproveitamento (duas das principais variáveis para construções que um Plano Diretor deve definir) estão elevados a uma potência poucas vezes vista na história do planejamento da cidade. O governo quer para a área da Arena uma altura limite de 70 metros e, para a área do Olímpico, algo ainda maior, 72 metros. O teto de Porto Alegre hoje é de 52 metros - 33 metros nas regiões mais residenciais. Para se ter uma idéia, o polêmico projeto do Pontal do Estaleiro solicitava uma altura de "míseros" 43 metros, e foi vetado pelo prefeito.
3) Para o Humaitá, pode-se até compreender que a magnitude do megacomplexo exija prédios mais altos para a Copa do Mundo. Mas colocar neste mesmo pacote uma outra definição que permitirá prédios de quase 30 andares no meio do bairro Azenha não parece algo razoável. O detalhe é que a OAS diz que as 18 torres residenciais que quer construir na área do Olímpico precisariam ter apenas os 52 metros atuais, não mais do que isso.
4) O que está levando a prefeitura a solicitar índices tão destoantes do restante da cidade sem que o empreendedor exija é um mistério. A verdade é que, uma vez aprovado, o projeto dará margem para tais construções. Prédios tão altos são bons ou ruins para a cidade? Nem entro no mérito da questão. Há belíssimas cidades no mundo que permitem prédios extremamente altos. O que parece errado nesta história toda é aprovar uma mudança tão profunda nos padrões de construção da cidade em uma discussão de pouco menos de um mês, tendo como elemento de pressão o prazo da Fifa, que se encerra no dia 15 de janeiro. Se o tempo é curto, que se opte por definições não tão extremadas.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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