Quatro milhões de euros carregaram fácil Rafael, o Carioca, ao velho mundo russo, longe da vitrina do futebol, perto de uma gorda conta num banco da Suíça ou de qualquer outro país seguro e rentável. O volante foi o terceiro melhor jogador do Grêmio no Brasileirão, depois de Victor e Tcheco, necessariamente nesta ordem. É um bom jogador, foi uma das revelações da temporada. Fará falta na campanha da Libertadores 2009.
Carioca é um volante fino, do toque curto, do desarme inteligente, do bote certeiro e não porta o cérebro e as maneiras do meio-campo brucutu. É um garoto, ainda não alcançou a fronteira dos 20 anos. Jogou apenas uma temporada de azul, quatro dezenas de partidas e não marcou uma só vez como profissional. Se chutasse mais, se fizesse gols, seu valor triplicaria. Ainda é um atleta inexperiente, tem potencial, pode e vai crescer.
O preço de Rafael Carioca é quase uma oferta de mercado. Ele vale mais, muito mais, mas os cofres do Olímpico estão vazios, raspados e o dinheiro chega para pagar contas urgentes. Não pense que é para investir em contratações. O Grêmio vende agora o jogador que não conseguiu negociar na janela da metade do ano. O São Paulo não vendeu ninguém e garantiu um déficit de US$ 5 milhões em 2008. Deve negociar Hernanes ao Barcelona por US$ 20 milhões e tapar o buraco financeiro.
Em volta de Carioca, Magrão e Tcheco, reforçados por Victor e Réver (dei risada, imaginei uma piada, quando o SporTV elegeu Ronaldo Angelin e não Réver, só porque um é do Flamengo, um dos 11 melhores de 2008), Celso Roth ergueu seu time. Equipe de bons jogadores, boa base, mas com um ataque irregular.
Claro que eu não gosto do trabalho de Roth, mas seria estupidez negar sua performance no Brasileirão, depois dos fiascos histórias na Copa do Brasil (derrota para um time da terceira divisão) e no Gauchão (derrota para um time da Segunda divisão). O melhor desempenho da sua existência como treinador lhe conferiu um vice-campeonato nacional. O título estava na mão, ele errou e afundou.
Roth pede em torno de R$ 200 mil para continuar no Tricolor. Será o técnico mais bem pago de toda a história do Grêmio, um dos cinco maiores salários do país.
Não sou contra bons salários, muito menos contra quem ganha bem. Mas pagar cerca de R$ 200 mil ao técnico com justa fama de perdedor e imaginar que um centroavante matador como Washinton possa exigir salário alto demais, creia, é o mesmo que fazer um gol contra em jogo decisivo. Ninguém aceita.
Com Washington, tenho certeza, o Grêmio seria um time com vocação para o gol, pelo menos faria o gol. Com Wellington Paulista, mais certeza, o Grêmio abriria a temporada com um novo Marcel, um atacante que não faz gol. Melhor, faz um de vez em quando. Um centroavante que vive brigado com o gol.
Pelo menos uma lição o Grêmio poderia ter aprendido em 2008: sem um bom e qualificado centroavante tudo é mais difícil. Menos um vice-campeonato.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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