O Inter precisou jogar três nervosas decisões em sete dias para erguer o seu novo, inédito e precioso troféu. Ganhou em La Plata, perdeu a segunda no Beira-Rio, mas ocupou a prorrogação com sua alma vermelha, venceu por 1 a 0 e é o novo campeão da Copa Sul-Americana.
Antes de completar cem anos, o Inter conquistou todos os troféus possíveis, disponíveis. O armário está lotado. Falta armário.
Se aproxima o momento de começar tudo de novo, de dobrar os troféus locais, nacionais, continentais e planetários. O ano do centenário chega lotado de expectativas. O Inter renasceu nos últimos três anos. Ganhou o que faltava vencer longe do Brasil.
Na primeira dramática decisão da noite, o Inter jogou menos do que o esperado e o Estudiantes fez um pouco mais do que o imaginado. Ganhou de 1 a 0. O técnica Astrada conseguiu conter o adversário, marcar suas principais fontes de vida, anular a critividade dos gaúchos.
Os valores individuais colorados não estavam na melhor das suas noites, especialmente os do setor criativo. Nilmar lutava como um leão de jubas curtas no comando do ataque. Sua força ofensiva era tudo o que o Inter podia contar.
Tite quase colocou a medalha de vice no peito inflado quando retirou Alex e fez entrar Taison. O Inter caiu, quase perdeu o rumo. Ninguém substitui um dos melhores jogadores do futebol brasileiro impunemente durante uma partida, mesmo no segundo tempo.
Veio a prorrogação, o adversário perdeu Verón e sua melhor condição física e caiu. Nilmar apareceu onde é mortal. Fez um gol quase no risco da goleira argentina. Quem possui um centroavante como Nilmar tem quase tudo, pois recebe o dom do gol em quase todos os jogos.
A taça que passou de mão em mão no gramado do Beira-Rio é do Inter, é justa, é de quem ganhou dos argentinos, os papa-títulos do continente. Ao vencê-los duas vezes na Argentina, o Inter começou a hipnotizar a taça, a chama de sua antes do tempo real. Mas precisou vencer um das mais complicadas finais da sua existência, uma decisão carregada de drama, de eletricidade, de doação, de esforço físico.
Da janela onde escrevo observo uma Capital barulhenta, agitada, os foguetes riscando os céus, carros buzinando, pessoas gritando e cantando nas ruas. A madrugada será curta para quem precisa, será longa para quem não precisa pular cedo da cama, será interminável nas suas melhores lembranças.
A noite mais longa dos últimos dois anos dos eufóricos colorados merece ser reverenciada como um dos mais belos momentos dos que escolheram o vermelho como norte. A felicidade no futebol nunca é presente. É sempre conquista.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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