O São Paulo empatou. Pode ser que a euforia que contagiou os torcedores nos últimos dias tenha entrado no Morumbi e recheado as camisas dos jogadores, embolado as chuteiras. A festa estava armada, as camisas do feito estavam prontas, o chope estava gelando.
Tudo foi adiado, guardado por mais sete imprevisíveis manhãs, com perigo da cerveja azedar, das faixas de campeão 2008 sumirem para sempre. Os deuses dos estádios pediram mais uma semana de prazo, mas não se comprometeram a seguir a lógica da bola, premiar o melhor na final. Não mais. A lógica do título faleceu no último domingo de novembro. Tudo pode acontecer. O campeonato está aberto.
O 1 a 1 com o Fluminense atrasou a vida dos paulistas. Adiou a ruidosa comemoração, recolocou o Grêmio na disputa pelo primeiro lugar, aditivou a última e definitiva rodada do Brasileirão. Milagres acontecem.
A pavorosa derrota em Salvador parecia ter soterrado os azuis. Engano. O tricolor das praias estendeu a mão ao tricolor dos Pampas.
O São Paulo joga com o surpreendente Goiás, em Brasília, por dois resultados, sem depender de terceiros: empate e vitória. Nunca uma rodada do Basileirão de pontos corridos prometeu tanta emoção. Cardíacos devem entrar numa sala de cinema e pedir um tempo ao mundo. Encontrar um esconderijo seguro por hora e meia.
O Grêmio aguarda o Atlético MG com uma só saída, a vitória. Precisa vencer. O fã azul estende um ouvido ao Olímpico e o outro ao Planalto Central. Serão 90 minutos dobrados. Será um dia frenético de rádio, de controle remoto, de hectolitros de adrenalina.
O Grêmio chega miraculosamente vivo na última rodada depois de vencer o pavoroso Ipatinga com um futebol razoável, boa qualidade técnica, alguns destaques individuais e uma goleada (4 a 1). Vitória justa, tranqüila, quase natural. Não há desmerecimento, mas o adversário estava condenado ao pântano da Segunda Divisão e será difícil sair de lá outra vez.
Com ou sem título, o Grêmio de 2008 já toca na Copa Libertadores da América 2009. O torneio é real, é palpável, é caminho certo.
O São Paulo continua favorito, tem melhor equipe e performance superior, mas jogar fora de casa no Brasileirão é sempre um risco mortal. Seja para o líder, seja para o lanterna.
O Cruzeiro é um exemplo atual. Desabou no Beira-Rio, mesmo contra os atinados reservas do Inter. Os três pontos dos mineiros eram quase certos, mas o Inter vestiu a sua verdadeira camisa e o fator local dinamitou o Cruzeiro.
No topo, no pé, cada gol vale um saco de ouro, um título, uma Libertadores, uma fuga da lama da Série B. Peça proteção ao seus santos ou orixás, a rodada mais quente da história de um campeonato nacional está batendo forte na sua porta reforçada. Na sua e na de milhões de brasileiros.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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