O Inter vai pensar no Grêmio quando pisar as chuteiras na grama quase perfeita do Beira-Rio minutos antes de enfrentar o Cruzeiro? Não vai, claro que não. Sua cabeça está diante do seu tempo, vive na quarta-feira que vem.
O Grêmio jamais pensaria no seu grande rival gaúcho se estivesse na mesma e confortável situação. O São Paulo faria o mesmo com o Corinthians, o Flamengo com o Fluminense, o Cruzeiro com o Atlético MG e por aí vai e vem. Não há santos nos confrontos.
É da lei nacional das rivalidades e das irracionalidades. É mais um problema que um campeonato de pontos corridos carrega no seu gordo ventre. Times que se perdem no meio do caminho, por diferentes motivos, se desinteressam da competição na reta final e podem prejudicar outras equipes, sejam rivais regionais ou não.
O mistão colorado que Tite escala não é o bom e vigoroso Inter da Copa Sul-Americana. Está longe, distante de ser, apesar de Guiñazu. São apenas reservas alinhados com outros reservas de vida menos freqüente no banco de reservas. É opção do clube, é coerente, é saída estratégica em nome do torneio continental. Outros fariam igual, igualzinho.
Lógico que os reservas sempre entram para vencer, mas falta qualidade para garantir os três pontos.
Ao usar o seu batalhão de reservas de forma consciente, o Inter não está apenas prejudicando o Grêmio, ao menos teoricamente. Está ajudando o Cruzeiro, inimigo direto e tinhoso ao cobiçado posto da Copa Libertadores da América que o Tricolor persegue.
Ao facilitar a vida dos mineiros, o Inter atinge o Grêmio no meio, mas coloca no mesmo alvo, mesmo indiretamente, Palmeiras e Flamengo, outros interessados em uma vaga na Libertadores. Os dois são alvos periféricos. Com a vitória do Cruzeiro em Porto Alegre, a dupla será atingida com vigor, talvez mortalmente na temporada.
O problema existe, é grave, hoje atinge um, amanhã pode afetar o outro, toca no topo da tabela, envolve a ponta de baixo. Mudar a fórmula do campeonato não é a questão. Seria o mesmo que banir uma torcida organizada dos estádios por causa de uma dúzia de marginais.
O ideal seria colocar a CBF na jogada, discutir e buscar uma solução negociada com o Clube dos 13, talvez varrer copas paralelas dos últimos 30 dias do Brasileirão. Encerrá-las antes, cinco rodadas antes do final do grande campoenato do país.
O que não pode é murchar o campeonato na sua parte mais decisiva com o uso de time misto, B ou C. Não parece justo com os outros competidores. Um clube só não reclama bem mais alto hoje porque pode ser o beneficiado amanhã.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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