Na sua mala de quatro gols, o Grêmio trouxe outro mistério ao Estado quando seu jato avistou o Aeroporto Internacional Salgado Filho. O que realmente aconteceu no intervalo da amarga decisão em Salvador? O que se passou no interior do vestiário em 15 rápidos minutos. O que houve?
Como pode um time perder seu futebol, sua concentração, sua discutida postura tática em 900 segundos? O Grêmio fez um bom primeiro tempo, ganhou um gol contra, mas teve chances de marcar outras três vezes. Ok, o Vitória poderia ter feito dois. Se o placar anunciasse um 4 a 2, raros torcedores locais atacariam o rechonchudo Hélber Roberto Lopes. O placar seria justo.
Será que houve briga, discussão logo depois? Será que o ambiente estava carregado pela carranca de Perea, que ficou indignado por ter ficado fora do jogo? Não. Pelo contrário. O Grêmio terminou o primeiro tempo vencendo, superando o adversário, anunciando que iria vencer.
O que faltou ao Grêmio no intervalo foi um treinador capacitado, alguém que fizesse a diferença no banco de reservas, um organizador de time,alguém que conseguisse enxergar o segundo tempos antes da hora. Vagner Mancini viu, mudou a sua equipe no vestiário, deu um nó tático em Roth e venceu com uma naturalidade surpreendente, espantosa. Um desavisado acharia que o candidato ao título vestia vermelho e preto na trágica tarde baiana.
O grande exemplo da falta de critérios no Grêmio foi a escalação de André Luis, um segundo atacante que nunca fez gol no Brasileirão. Pode um jogador assim ser usado numa partida decisiva? Não. E o centroavante que não marca desde agosto? Que dupla.
Roth, que vê além de nós todos, sempre contrariando o mundo, chamou André Luis e, outra vez, ojogador não respondeu com uma atuação de qualidade. Gol não fez. Ela não faz desde maio.
Quem não faz muito, mas faz mais que André Luis, um atacante chamado Perea, nem na reserva estava. Imagine. O goleador da temporada gremista viajou, mas ficou fora do banco numa partida na qual o time precisava desesperadamente da vitória. Se você entendeu, ajude-me. Eu não entendi a decisão de sacar Perea. Roth também não explicou.
Quando o Grêmio buscava um centroavante, Roth pediu Marcel, bateu pé por Marcel, exigiu Marcel. André Krieger aprovou. A procura cessou imediatamente. Depois, faltou verba para buscar um mais qualificado. Agora, o Grêmio acena com a possibilidade de oferecer bicho extra nos dois jogos finais. Perde tempo. Perde foco. Rasga dinheiro.
A direção poderia tentar descobrir os reais motivos que fazem o Grêmio patinar feio em jogos decisivos, sofrer nove gols em três deles (Cruzeiro, Lusa e Vitória) e jogar o título pela janela. O Grêmio não sabe porque ganha, porque perde e anda perdendo bastante desde janeiro passado. Ainda não descobriu. Mas sabe que precisa alcançar algum dinheiro para que outro clube corra um pouco mais por ele em 180 minutos.
O Grêmio entende que o bicho extra vai garantir seu posto na Libertadores. Atenção! O Grêmio continua cuidando muito dos outros, pouco dele mesmo.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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