O trágico Grêmio da quarta-feira noturna entrou no Mineirão com pose de líder, jogou como um lanterna, perdeu como um desnorteado. Levou três ao natural, sem o suor natural das decisões. Os mineiros passearam em casa, desfilaram no estádio, arriscaram um rápido olé e até jogaram como um verdadeiro líder deve jogar, atuar. O adversário jamais ameaçou.
O mundo da bola desconfia da liderança gremista, agora colada ao São Paulo, uma vitória de diferença. O Grêmio perdeu o rumo em Minas Gerais. Os reflexos da goleada ainda são desconhecidos.
O enorme fracasso foi coletivo, passa pelo treinador, envolve os jogadores. O Grêmio não foi o mesmo Grêmio dos pampas. Foi outro e desconhecido time, frágil, indeciso, nervoso, desatento. Medroso. Disposto a derrota desde os primeiros segundos.
O gigante Mineirão faz tremer gente boa. Assusta gente jovem. Tanto que o Grêmio sofreu o primeiro gol aos 13 segundos de jogo. Claro, foi um acidente. Lógico, acidentes acontecem. Mas nos 89min47seg restantes jamais se viu dois neurônios juntos no time e especialmente no banco de reservas. O Gêmio não teve fome de gol, sede de vitória. Aceitou a derrota.
O gol, disse e repetiu Celso Roth, liquidou o seu desenho tático. Mas como? Pela primeira vez na história do futebol um novo esquema tático tem a duração de apenas 14 segundos. Nos treinos, os reservas não marcam gol? O esquema só funciona no 0 a 0? Não se treina a possibilidade de o time precisar reverter um resultado nos 90 minutos?
Técnicos costumam fechar os treinos em todos os lugares do planeta (e eles têm o direito) para que ninguém critique o trabalho, questione o esquema. É impossível saber o que ele treinou ou não. Roth vestiu a roupa de botões trocados do professor Pardal, de Walt Disney, inventou uma formação com cinco no meio-campo e um pobre atacante na frente e foi engolido pelo organizado e seguro Cruzeiro.
Roth abandonou o 3-5-2, o esquema vencedor, no jogo mais importante da temporada e criou outro. Pior. Perdeu. Roth sempre perde jogos decisivos.
Colocou Souza na ala esquerda, tirou o segundo atacante, recuou Douglas, deixou Reinaldo isolado. Quando saiu um zagueiro (Pereira) machucado, ele apostou num atacante (Perea). Depois chamou outro lateral (Paulo Sérgio), tirou o jogador que estava na ala (Souza) e o passou para o meio-campo e ainda tentou um novo volante (Makelele) no lugar de outro volante (Magrão) quase aos 30 minutos do segundo tempo.
Roth afundou, não sozinho. O fracasso individual de alguns jogadores, como Tcheco, Douglas, Magrão, Reinaldo e Perea, ajudou no profundo naufrágio. Souza é um caso especial. Não consegue jogar no Grêmio.
Líder claudicante, o Grêmio está cercado por São Paulo, Cruzeiro, Palmeiras e Flamengo. O título fica cada vez mais complicado. A vaga da Libertadores não é mais uma certeza, muito pelo contrário. O Figueirense é o adversário do final de semana. Uma derrota pode tirar o Grêmio até da Libertadores. O São Paulo renasce como favorito.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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