O Grêmio ainda é primeiro, 56 pontos, um sofrido e suado ponto distante de Cruzeiro e Palmeiras. Mas é um líder ameaçado, desconfiado, desorientado e com medo do futuro. Sua merecida derrota em São Paulo serviu apenas para lotar de times a ponta de cima da tabela e torpedear sua confiança. Cinco times disputam o título oito rodadas antes do final. O topo é um entrevero só.
O inconfiável Grêmio do segundo turno parece que deseja entregar o campeonato aos poucos, deposiytar uma banana de dinamite no coração de cada fã. Quando precisa vencer, quando necessita oferecer o salto de qualidade, se enrosca na bola e perde o jogo. Cai.
A Lusa é um dos cinco piores times do Brasileirão. A obrigação da vitória, se é que ela existe, seria do líder, nunca do décimo sexto colocado.
O Grêmio, contra a opaca Lusa de outras jornadas, poderia mostrar que era o principal candidato ao título. Fez justamente o contrário. Jogou com se ele fosse a pobre Lusa. O adversário é que foi o Grêmio de outros dias, disposto ao sacrifício e a vitória desde o primeiro apito do bom árbitro minero, Ricardo Ribeiro. A Lusa foi corajosa e decidida.
Uma das piores semanas do Grêmio fora de campo explodiu dentro dele com uma granada, uma explosão só. Depois da pressão do STJD, das eleições completamente fora de hora, o presidente de um lado, o diretor de futebol do outro, da quebra de unidade de parte da torcida, o time também rachou. Caiu de dois, 2 a 0, no Estádio do Canindé. Foi uma das derrotas mais justas e inesperadas da temporada.
O vestiário não estava blindado. Falou-se tudo e de todos na semana, menos no adversário.
Celso Roth teve o seu quinhão na péssima atuação da equipe. Escalou o time certo, mas se equivocou nas substituições. Usou outra vez Orteman, mais uma vez na posição errada e o uruguaio voltou a fazer o que vem fazendo sempre, errando todos os passes, não marcando nem a sua opaca sombra.
Orteman abriu um buraco no meio-campo, deixou a Lusa liberada para os ataques. Ao perder Carioca, ao usar Orteman, o Grêmio perdeu o controle do jogo e a partida.
Roth é um técnico teimosamente conservador, suas doses de ousadia são mínimas. Sua carreira é prova. Imaginou que o empate seria bom resultado. Errou feio porque 0 a 0 chama derrota. Só foi ousar um pouco mais, com Perea e Souza, depois dos 70 minutos de jogo.
O técnico podia ter mudado o time no intervalo em duas posições, no mínimo, no ataque e no meio-campo. Sua falta de ousadia custou caro. A conta veio na forma de três pontos negativos. Tivesse vencido o jogo, tivesse determinação e, especialmente, coragem, o Grêmio estaria contando 59 pontos e sorrindo, seus adversários apareceriam com 55 pontos.
Quinta-feira, contra o bom Sport, campeão da Copa do Brasil, o Grêmio precisa jogar com verdadeiro líder. Caso contrário pode passar o próximo final de semana fazendo contas para a Taça Libertadores da América e não mais pelo título. Especialmente se começar a pensar no seu adversário seguinte, o Cruzeiro, e na arapuca do Mineirão.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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