Do interior da crise instalada no STJD, depois do "Caso Grêmio", episódio de vendeta absoluta, observei algo claro, limpo com a luz: a profunda desmoralização dos árbitros do futebol brasileiros.
Eles perderam a força, talvez a fé, a confiança do tribunal que trata da bola no pé. Os árbitros brasileiros, que não são referência mundial em sua grande maioria, vivendo ainda no semi-profissionalismo, às vezes sem condições físicas ideais para dirigir uma partida, perdem novos pontos.
As decisões dos árbitros foram para a reserva, estão na geladeira, não valem mais o que parecem. O que os juizes vêem pouco importa, não pesa mais. Nem lembra mais futebol. Uma imagem congelada de televisão vale mais do que o som e a decisão de um apito.
As imagens da tevê podem ajudar o futebol, com certeza. Punir quem tenta enganar o árbitro ou quem agride com violência o adversário longe do olhar do juiz e dos seus auxiliares. Ninguém pode apoiar a violência no futebol. Só não deve desvalorizar a ação do árbitro, como no caso de Morales.
O árbitro observou o lance e puniu o uruguaio com o cartão amarelo. Pronto. A história termina no gesto da maior autoridade dentro de campo.
A tevê não pode apitar o jogo. Não pode dizer quem deve ser punido. Mas se a caixa de fazer doidos pode, por exemplo, trocar o cartão amarelo pelo vermelho, deve, igualmente, invalidar o gol marcado impedido, cancelar a marcação do pênalti que não aconteceu, mudar o resultado de um jogo, de uma decisão, de um campeonato.
Os olhos eletrônicos da televisão dentro do estádio ajudam demais quem está em casa no conforto da poltrona. São bem-vindos. O inaceitável é usar a mesma visão para passar por cima das decisões dos árbitros dentro de campo.
O futebol, então, se transforma em outro jogo, algo mais previsível do que debate de políticos em segundo turno de eleição. Algo que não interessa.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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