Ouvi com a atenção dos curiosos a entrevista coletiva de Celso Roth no quase mudo e ainda atarantado Olímpico do final da tarde de terça-feira. No topo, o técnico se explica. Nos bastidores, a eleição esquenta e evolve quase todos da direção, ex-dirigentes, conselheiros, uma batalhão de gente.
Eles dizem que as disputas políticas batem na porta do vestiário e voltam. Não retornam, você sabe. Entram e ajudam a mudar o ambiente. É impossível para os dirigentes, por melhores que sejam, por mais bem intencionados que são, lidar com futebol, votos e costuras políticas ao mesmo tempo.
Achei a entrevista de Celso Roth deprimente, ele deprimido. O treinador estava abatido, ainda sonado com os quatro e históricos gols do clássico 373. Disse na conversa com os repórteres que derrota chama derrota, com a derrota "as coisas ruins" começam a acontecer, a derrota gera lesões, etc. Note seu ânimo.
Suas verdadeiras explicações para a goleada ainda não chegaram aos ouvidos da maioria. Permanecem ocultas, talvez disponibilizadas para poucos e seletos ouvintes. O que eu ouvi de mais estranho foi "é preciso manter a rotina e trabalhar mais" ou "melhorar a qualidade do trabalho". O pior foi notar que ele parece disposto a manter no time os mesmos jogadores que andam falhando um dia sim e o outro também.
Roth fez um grande primeiro turno, foi elogiado, destacado. Mereceu todos os elogios. Em determinado momento parecia que a sina de Celso Roth, de começar bem e terminar muito mal, estava superada. Seus críticos no Olímpico, por exemoplo, baixaram o tom de vaias e quase não se ouvia mais gritos irados.
Bastou o Grêmio pisar no segundo turno que tudo mudou, tudo virou de cabeça para baixo e Roth mergulho em outra espiral de pontos perdidos. O Grêmio foi murchando aos poucos e hoje, 11 rodadas antes da última e definitiva, 33 pontos vagos, nem pode mais ser chamado de líder. É segundo, na sombra do Palmeiras, que mesmo sem bola para tanto puxa a liderança.
Pois Roth, agora criticado, é a única salvação aparente e imediata do Grêmio. Novas vitórias, novo sopro de vida, passam por ele, pelo seu comando. Roth precisa ser o motivador, o renovador, o recuperador. Não há mais tempo para buscar um novo técnico. O problema é saber se ele consegue apagar o seu passado em dois meses e asfaltar um novo e promissor futuro.
O futuro da carreira de mais de uma década do experiente e experimentado Roth está intimamente ligada ao Grêmio dos nossos dias. Se conseguir o título improvável, mas possível, eles sobe alguns andares na carreira de técnico. Se perder, volta a ser o mesmo Celso Roth do passado, o que começa bem, mas chega sempre mal.
Roth e o Grêmio estão numa encruzilhada. O título de um lado, o nada do outro. Talvez nem a vaga no paraíso do G-4 alimente um sentimento de orgulho depois que o título brasileiro escapou da palma da mão.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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