Quatro a um no clássico é querosene aditivada no tanque do Boeing colorado. O jato levantou, aterrissa em Curitiba sábado que se aproxima, testa outro aeroporto inóspito e projeta novos vôos até o Planalto Central, casa do Goiás.
A pista segura do G-4 é o destino final. O título parece possível, mas a distância ainda é lunar. O Inter, ao lado do Goiás, é a grande surpresa da parte final do Brasileirão. Ameaça agora Flamengo, São Paulo e Cruzeiro, os que se revezam na parte de baixo do G-4.
O Inter sai do Gre-Nal com um time definido, afirmado, confiante e em busca de novos e perigosos desafios. Tite encontrou seu 11 titulares, achou o ponto, derrubou aparentemente os preconceitos que o cercavam e roubavam parte do seu fôlego e impediam o seu crescimento. Da equipe A, apenas o lateral direito é dúvida. Os outros 10 lugares estão fechados, com Edinho e Clemer, dois históricos perseguidos pela torcida vermelha confirmados.
Tite acertou a formação depois da seqüência de jogos, depois que o preparador físico consegui trabalhar, depois de muitos encontros com Fernando Carvalho - os dois sozinhos, os dois e a comissão técnica, todos e a parte mais nobre da direção. Tite reclamou muito dos grupos, os que minavam o vestiário, os que desabafavam no microfone problemas que podiam ser perfeitamente resolvidos em salas fechadas do clube.
Experiente, Carvalho ouviu, pediu a definição de um time, prometeu entrar de cabeça no vestiário e pacificar as oposições. Agiu. Deu apoio total ao técnico e foi tentar convencer os jogadores, alguns com salários milionários, pagos em dias. outros ganhando menos, mas jogando menos ainda. Conseguiu a união e a confiança depois de dialogar, argumentar, discutir. A prova veio no Rio, onde o time jogou, transpirou e liquidou o Botafogo, na época uma das sensações do momento. Carvalho é o grande nome da virada colorada.
O time de Tite foi moldado aos poucos, venceu três vezes em seqüência, fez um jogo superior com com o Botafogo, alcançou o máximo no Gre-Nal. Tite escalou quatro homens de pé esquerdo, fincou um volante-volante na frente de dois zagueiros, segurou os laterais, mandou dois meias se aproximar do solitário Nilmar. D'Alessandro começou a jogar o futebol que todos esperavam dele. Pronto, o bom time do Inter saiu do papel, apresentou um futebol superior e encantou.
Coritiba e Goiás, o time de melhor aproveitamento no returno, são os novos testes, ambos distantes de Porto Alegre. Se repetir o futebol da noite de domingo, passa com naturalidade, traz seis pontos na carga do Boeing.
Mas o Gre-Nal, nós sabemos, é um jogo todo especial, que foge da lógica, que vende fantasias. Nem sempre pode ser o real de todos os jogos. As rodadas finais serão decisões semanais e a cada 90 minutos o colorado vai lembrar do primeiro tempo do Gre-Nal. Vai querer futebol igual. Vai imaginar que pode mais.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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