O Grêmio está dividido perigosamente entre a democrática eleição presidencial e o Brasileirão 2008. A boa energia se parte em duas, o foco se estilhaça em vários pontos. O novo presidente não é consenso. A batalha continua sendo travada nos bastidores, mas o barulho foge do cimento do Olímpico e chega aos ouvidos de todos, do porteiro do estádio ao fã do Exterior.
Nunca uma eleição chegou num momento tão delicado e impróprio. Promover uma eleição, sempre bem-vinda em outros momentos, como o final da temporada, por exemplo, no meio de uma competição, quando o clube lidera suando sangue, é o mesmo que encurtar a forte corda que dá ao alpinista a oportunidade para o arremate final rumo ao cume do Everest.
A surpreendente, merecida e festejada liderança no Brasileirão, três pontos acima do vice Palmeiras, ataque mais positivo, defesa menos vazada, exibe a realidade tricolor. Os números aquecem a alma, mas não oferecem tranqüilidade aos azuis. Pelo contrário, é a matemática que assusta, os números pioram a cada rodada.
Ao perder em Porto Alegre para o Goiás (2 a 1 de de virada), sempre um flagelo no seu Planalto Central, o Grêmio se encolheu. Escondeu seu futuro, que agora está mais aberto do que nunca, lotado de nuvens escuras e carregadas no horizonte próximo.
Os próximos 180 minutos, no Estádio da Baixada e no Beira-Rio, são duas pré-estréias do que vem por aí, do pesadelo ao sorriso escancarado. São dois jogos extremamente difíceis, em ambientes inóspitos, onde qualquer resultado é previsível.
O decadente Atlético PR tem bronca histórica dos gaúchos. O Inter é o maior clássico da vida do Grêmio. Derrotas nestes dois compromissos podem ser consideradas normais, fora goleadas. Seis pontos perdidos, por outro lado, anunciam o desastre porque o Grêmio não pode perder nem no pior pesadelo. Se perder, acompanhado por outros resultados paralelos, a liderança será uma doce e, talvez, distante lembrança. Com seis pontos, no entanto, a vida muda de tom, o Grêmio mostra o que é de verdade outra vez e o que almeja na arrancada final da competição.
Abaixo da linha das últimas tempestades de granizo do tamanho de bolas de ping-pong, ainda é possível exergar que o título ainda está ao alcance das mãos gremistas. Basta continuar sendo o melhor entre os outros 19 da competição.
Campeonatos de pontos corridos jamais oferecem títulos aos coadjuvantes. O campeão sempre é o melhor time entre todos. A missão do Grêmio é clara. Para ganhar é preciso ser o melhor. O Atlético PR dá a partida no primeiro dos dois extraordinários desafios em sete dias. E depois virão outros, talvez mais gigantescos ainda. Mas aí a história será outra, diferente.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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