A sensação é péssima entre os gremistas na semana dos seus 105 gloriosos anos. O Goiás estragou o humor geral, apagou as velas antes do tempo. Roubou três pontos que estavam no papo, na conta, em todas as projeções.
Três não é quase nada, mas parece muito, uma demasia, quando a matemática informa que nos últimos seis jogos, 18 pontos, o Grêmio encontrou apenas oito pontos, seis deles no Estádio Olímpico. Pensando em 18, mas tocando em nada mais do que oito, duas vitórias, dois empates, o Grêmio é o retrato acabado e definido de um time em aparente declínio, embora ainda se segure na liderança com três pontos.
Os seus adversários deixaram de finaciar a liderença gremista. O Grêmio precisou fazer o próprio trabalho na últma rodada, a 25ª. Não conseguiu.
Não sou eu que estou afirmando. É a tabela do Brasileirão que manda informar que a campanha no segundo turno já é apenas a 10ª melhor, que o aproveitamento caiu de 72% para 44%. Por outro lado, a recuperação é possível, o Atlético PR, mesmo em casa, é um time do fundo da tabela. É até possível imaginar uma vitória tricolor. Prever, não.
O Grêmio atolou no pântano da irregularidade, o mesmo terreno que fez afundar um a um todos os outros 19 integrantes da Série A em determinado momento da competição. Sábado foi a vez do Grêmio enfiar sua 4x4 na área pantanosa, patinar, ficar. Atolar.
Os problemas são sete. Você concorda. Caso contrário, mande a sua versão. O caminho você sabe:
1) Celso Roth está perturbado com a ação da Polícia Federal. É óbvio, é lógico. Está desenhado no seu semblante. Ninguém fica tranqüilo com a PF rondando. Antes do caso vazar, Roth já vacilava em algumas formações, insistia com jogadores que não estavam dando certo, usava Amaral e não Adilson, escalava Souza em lugares equivocados, deixava Soares no banco. A recuperação do Tricolor passa pela tranqüilidade de Roth, pela manutenção do 3-5-2, pela troca dos alas, pela volta de Perea, por um centroavante goleador.
2) Souza entrou no time quase por decreto. Roth anunciou a sua titularidade, mas não ofereceu ao jogador um número prévio, uma função. Sempre que jogou, Souza entrou na função errada. Não pode ser segundo atacante, não poder jogar como segundo volante. Ele marca pouco, quase nada, apesar da vontade. Pode jogar no lugar de Tcheco, quando articular não estiver bem. Mas ele é reserva. E ponto final. Alguém disse um dia que Souza é craque. Não é. É bom jogador apenas.
3) Victor é um exemplo da queda gremista. Foi apontado como o melhor goleiro do país (e é bom mesmo), citado pela revista Placar como um dos destaques do campeonato, mas foi responsável direto pela derrota de sábado, entre outras duas. Quando ele jogava acima da média, a defesa sobreviveu, o time ganhou ou empatou. A queda de Victor levou o Grêmio junto. É preciso saber o que está acontecendo com a maior revelação do gol gremista os últimos anos
4) O Grêmio tem quatro alas/laterais. Três decepcionaram, Paulo Sérgio, Anderson e Hélder. Matione ainda não foi bem testado. No esquema 3-5-2, os laterais são alas, meias e ponteiros. Precisam fazer as três funções. Não completam as três, falham especialmente na jogada ofensiva de qualidade, o cruzamento, o passe, as que geram situações de gol. Roth precisa encontrar um solução com certa urgência, apelar para a improvisação, já que os especialistas não conseguem fazer o seu trabalho com competência.
5) O meio-campo está certo, definido, testado e aprovado. Forma com Rafael Carioca, William Magrão e Tcheco. Sem Magrão, Roth recua Tcheco e assim muda o time em duas posições, perdendo apenas um jogador. Sem o trio, unido e afiado, a tendência é cair mais. Ortman podia ser uma opção para a segunda função, Adilson para as duas primeiras.
6) Perea faz falta. Marca como poucos a saída de bola, faz gols eventuais e ainda serve como garçom. Não é o melhor da praça, mas é o melhor do Olímpico na função. Deveria compor o ataque com Reinado. Morales é uma opção. Não entendi porque o uruguaio não ficou no banco. Ele poderia, pelo menos, atuar 20 minutos contra o Goiás, na hora do desespero, do bota a bola na grande área e vamos ver no que dá. Marcel anda brigado com o gol.
7) A eleição presidencial começa influir nos bastidores do Grêmio. A data é equivocada. Fazer uma eleição na parte mais quente do maior campeonato do país é um erro estratégico. É perder o foco. Dezembro seria o mês ideal.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
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