O script é o mesmo todos os anos. Descreve Grêmio e Inter de maneira quase idêntica quando os dois clubes estão perto do topo do Everest, prontos para tomar o cume, abraçar os títulos. A Dupla é acusada de violência, de abusar das faltas, de utilizar o jogo desleal. A acusação é mais antiga que o fosso do Beira-Rio, mais sovada que as arquibancadas de cimento do Olímpico.
As acusações chegam sempre do centro do país, teses normalmente criadas no Rio de Janeiro, Estado que adora jogador baixinho, firulas, dribles inconsistentes, embora tenha gerado grandes jogadores, ótimos times. Mas também presentes em São Paulo, quando os seus times afundam como caiaque furado nas águas do mar.
Engraçado que, em 2007, quando o São Paulo ganhou o Brasileirão com a facilidade dos times superiores e a Dupla não incomodou, as acusações de violências ficaram escondidas em alguma gaveta da memória. Ninguém tocou no assunto. Os gaúchos de azul ou de vermelho as vezes são mesmo perseguidos e difamados. Os mineiros sentem o mesmo quando seus times estão na ponta.
O líder Grêmio, o time a ser batido no Brasil, aparece como a equipe que mais comente faltas no Brasileirão 2008. Números que tentam provar, forçar uma idéia de violência: 583 faltas em 24 partidas, 24 rodadas.
Mas, por outro lado, é sexto colocado na enorme tabela dos cartões recebidos, com 69. O que significa que grande parte das faltas cometidas por um time alto, forte, disposto ao jogo competitivo, são infrações comuns de jogo, típicas do futebol que é um esporte de choque, de contato, de força. de imposição física. Claro que há exageros, como sempre acontece no futebol. Aí o juiz pune. Como? Erguendo os dois cartôes, um de cada vez.
O paulista Palmeiras, por exemplo, é líder no ranking dos cartões recebidos, tem 77. Ou melhor: um time paulista é o mais violento do país, pois tem mais cartões, a puniçâo exemplar, que todos os outros 19 integrantes da primeira divisão do nosso futebol.
A lógica diz que, quanto mais um time bate, mais cartões recebe. O trono é do Palmeiras de Vanderlei Luxemburgo. O Palmeiras é o mais violento. E com árbitros de futebol, os donos dos cartões, não se discute. São eles que estão dizendo que o Palmeiras é o mais violento. Não sou eu, nem você.
Bola Dividida é a coluna dos repórteres da editoria de Esportes de Zero Hora, editada por Luiz Zini Pires. Informações, comentários e análises sobre o futebol e outros esportes.
Leia os termos e condições deste blog
Dúvidas Frequentes | Fale conosco | Anuncie - © 2009 RBS Internet e Inovação - Todos os direitos reservados.