Foto: Divulgação |
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Desde o dia em que se apresentou ao Grêmio, o técnico Paulo Autuori repete uma rotina pouco antes de começar cada manhã de trabalho no Olímpico: estende a mão e cumprimenta todos os jogadores do grupo, um a um. Gesto aparentemente inexpressivo, mas que desenhou um sorriso de satisfação no rosto do atacante Jonas quando ele o relatou, ontem, no saguão do belo Hotel Tamanaco, onde a delegação do clube está instalada, em Caracas, na região central da cidade.
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É acalentado por atitudes como essa do seu novo treinador que o time gaúcho enfrenta o Caracas hoje à noite, no Estádio Olímpico da Venezuela. A disputa tem tudo para ser a mais dura da equipe na Libertadores de 2009, mas, ainda assim, o Grêmio parece estar em paz. A civilidade de Autuori encanta e surpreende os jogadores.
— Ele não fica esperneando e gritando na área técnica durante o jogo – admirou-se o zagueiro Rafael Marques. — Isso é bom porque, às vezes, o técnico que fala demais confunde a gente. Você quer fazer uma coisa, ele diz outra, e você fica em dúvida. Se erra, vem a cobrança.
— E na maioria das vezes a gente nem escuta o que eles gritam — acrescentou Jonas.
— O que o Autuori fala sempre é sobre o detalhe. Isso do detalhe é muito importante para ele – revelou o gerente de futebol Mauro Galvão.
Jonas e Rafael Marques explicaram o que vem a ser “detalhe” na concepção de Autuori.
Jonas:
— Mais do que um chute ou um drible, às vezes uma corrida de 30 metros é que faz a diferença. Ninguém vai morrer por dar um pique de 30 metros para ajudar um companheiro. Parece pouco, mas é importante.
Rafael:
— É a atitude que você tem durante toda a semana. Você trabalha bem, então será escalado para o jogo.
Autuori quer que o jogador atue com espontaneidade e tome suas próprias decisões, mas sempre baseado no trabalho feito logo depois dos cumprimentos matinais: no treinamento.
Ontem mesmo ele voltou a insistir que costuma cobrar as atitudes dos jogadores com dureza para não precisar ficar se escabelando nos jogos.
— É bom para mim e para eles — explicou. — Quero desenvolver as consciências, quero plantar raízes que sejam profundas e importantes não só para mim, mas para o futuro do jogador.
Talvez entusiasmado com o discurso do técnico, um repórter estendeu-lhe o microfone e perguntou:
— É assim que se conquista um elenco?
— Não sei – Autuori balançou a cabeça. — É assim que aprendi a viver.
* Texto publicado na página 43 de ZH de hoje.
David Coimbra nasceu em Porto Alegre há 46 anos. Depois de trabalhar em mais de 10 redações do sul do Brasil, hoje é editor executivo de Esportes e colunista de Zero Hora, além de comentarista da TVCOM.
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