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Com essa mesma camisa que hoje à noite será vista no gramado do Beira-Rio, Roberto Rivellino cobrou uma falta contra a Alemanha Oriental, na Copa de 74, que foi algo único, algo que nunca houve igual. Jairzinho, o Furacão, havia se postado no meio da barreira da Alemanha. Quando Riva tocou o couro da chuteira número 37 no couro da bola número 5, Jairzinho se agachou. Pois a bola passou ali, no espaço exato deixado pelo Furacão, raspando-lhe o topo da carapinha black-power, e entrou no gol.
Foi também com essa camisa que, 16 anos antes, às vésperas da Copa da Suécia, Garrincha driblou toda a defesa da Fiorentina, invadiu a pequena área, driblou o goleiro, chegou à risca do gol e parou. Poderia fazer o gol; não fez. O goleiro havia voltado para tentar detê-lo. Em consideração, Garrincha decidiu driblá-lo de novo. Driblou-o. O goleiro perdeu o equilíbrio, teve de se segurar na trave para não cair desmontado no chão. Garrincha, enfim, avançou a passo para baixo da rede, deu um peteleco na bola, levantou-a e a equilibrou na palma da mão. Com ela sob o braço, caminhou devagar em direção ao meio do campo, para desespero do técnico Feola.
Dentro dessa camisa, Pelé socou o ar 95 vezes, festejando 95 gols; Clodoaldo driblou meio time da Itália num ziguezague irrefreável pela intermediária do histórico Estádio Asteca; Nilton Santos se tornou a Enciclopédia do Futebol; Didi jamais pisou na bola, quando vestia essa camisa; Gérson dava lançamentos de 60 metros, a bola viajava pelo ar e caía obediente no pé de Tostão, o mítico pé esquerdo do grande Tostão, ele igualmente envergando a camisa canarinho até hoje chamada com emoção de “amarelinha” pelo velho Mário Jorge Lobo Zagallo.
Ronaldinho, Pato, Kaká, Robinho, Lúcio, Dunga e outros tantos vestem hoje essa mesma camisa. Que façam por merecê-lo.
David Coimbra nasceu em Porto Alegre há 46 anos. Depois de trabalhar em mais de 10 redações do sul do Brasil, hoje é editor executivo de Esportes e colunista de Zero Hora, além de comentarista da TVCOM.
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David por Wianey:
"É preciso ter cuidado ao conversar com o David, pois em tudo ele percebe uma situação que descreverá com o talento dos grandes contadores de histórias."
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"O que mais me encanta no David é a capacidade de criar histórias a partir de retalhos do cotidiano, com textos cheios de malícia."
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