Foto: Valdir Friolin, Banco de Dados - 15/08/2008 |
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Quando o Inter anunciou D´Alessandro, completando o seu ciclo de contratações para o segundo semestre, a imprensa do centro do país vaticinou: o Inter é candidato ao título, pois nenhum outro clube reforçou o seu time como o clube gaúcho.
Três ou quatro rodadas depois, a perplexidade tomou conta dos profetas da bola. A chegada de tantos bons jogadores está coincidindo com a pior crise técnica da equipe desde a conquista do Mundial Interclubes. O que deu errado?
Não vou repetir o que já foi dito e escrito várias vezes sobre o desleixo e o processo de "panelização" que tomaram conta do vestiário colorado. Outras causas cabem às explicações para a decadência:
1 — O Inter empilhou laterais-direitos sem qualidade e só agora trouxe Gustavo Nery para o lado esquerdo, uma incógnita a ser desvendada. O clube mantém a sua histórica rotina de não investir em bons jogadores para estas posições. Passaram pela lateral-direita Bustos, que já fracassara no Grêmio, Jonas, volante adaptado nesta posição, e Ricardo Lopes, de quem ninguém tinha ouvido falar. Como todos deram respostas insatisfatórias, foi apressado o reingresso de Welington Monteiro que, totalmente fora de forma e ritmo de jogo, após longo período de inatividade, está fracassando, também. Na lateral-esquerda, a insistência com Marcão, zagueiro adaptado, acabou comprometendo o jogador junto a torcida, que não consegue escutar o seu nome sem sentir enjôos. Ramon segue sendo uma promessa e Gustavo Nery é uma esperança de recuperação, nada mais.
2 — D ´Alessandro foi contratado para ser o substituto de Fernandão. Está em forma, mas sem reflexos. Faz tempo que não joga. A crise técnica do time obrigou Tite a lançar o argentino, prematuramente.
3 — Daniel Carvalho foi contratado para substituir Alex, por quem pipocavam propostas, no Beira-Rio. Ninguém esperava, no Beira-Rio, que Alex rejeitasse todas elas. Como o meia estava lesionado e os jogadores experimentados para jogar ao lado de Nilmar não correspondiam, Daniel Carvalho foi colocado para jogar estando gordo e sem ritmo. Reconhecido o erro, Daniel Carvalho vai para o recondicionamento físico enquanto Alex volta para o time.
4 — Rosinei foi uma contratação de grupo. Seria reserva com possibilidade de substituir Guiñazu, caso o argentino deixasse o Beira-Rio. Guina preferiu ficar e Rosinei, que veio para ser opção, acabou jogando as últimas partidas por falta de outras soluções.
5 — Bolívar veio para ocupar a vaga de Sidney, vendido. Deveria disputar posição com Índio mas Tite decidiu experimentar o esquema 3-5-2 e Bolívar, erradamente, foi designado para desempenhar a função de líbero, aonde vai indo mal, muito mal. Danny Morais, ótimo zagueiro, foi "encostado" por cometer um único erro. Pelo mesmo critério, Clemer e Bolívar deveriam deixar o time. Mas, não deixarão.
6 — Garotos promissores como Valter, Guto e Taison foram chamados para resolver os problemas de um time em crise. Deveriam estar sendo preparados desde o começo do ano mas, preteridos, acabaram recebendo as suas "chances" na pior hora possível. Como era de se esperar, não solucionaram as dificuldades do time e hoje estão no limbo, treinando e aguardando a hora de recomeçar.
7 — Os títulos de 2006, além de aguçar vaidades, resultou no encarecimento da folha de pagamentos. O Inter, hoje, gasta com a sua equipe muito mais do que a esmagadora maioria dos clubes brasileiros. Para sustentar estes gastos, obriga-se a vender jogadores, sem parar.
8 — Agregue-se a este rol de motivos para a decadência, o fato de que jogadores importantes como Magrão e Edinho entraram em profunda crise técnica. Nilmar faz gols mas, jogando sem parceria, desperdiça oportunidades em doses industriais. Normal em atacantes que, sozinhos, precisam enfrentar as defesas adversárias.
9 — Lesões freqüentes, talvez efeito do desleixo na preparação que estava implantado no Beira-Rio, também conspiraram contra a continuidade da equipe.
10 — Por fim, o Inter deixou de contar com Fernandão e Fernando Carvalho. O capitão do time já vinha mostrando queda de produtividade mas encarnava uma liderança lúcida, inteligente e acatada pelo grupo. No vitorioso ano de 2006, Fernandão levava para o vestiário as idéias de Fernando Carvalho que, notório, é um dos raros dirigentes do futebol brasileiro que tem largos conhecimentos de futebol. Carvalho, através de Fernandão, repassava idéias e soluções que eram adotadas pela comissão técnica. Mas, encerrado o seu mandato, Carvalho se afastou e a inspiração do vestiário sumiu. Com a sua volta, renova-se a expectativa de melhores resultados, embora o caos seja tão grande que pouco pode ser feito a curtíssimo prazo.
Haverá outras causas, certamente, mas estas são as principais. Esta noite, o Inter enfrenta o Palmeiras, terceiro colocado no Brasileirão. Jogo difícil. Se vencer, o Inter poderá reencontrar o seu rumo. Se, porém, for derrotado, ninguém conseguirá imaginar as conseqüências.
Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, nascido em Três Passos (RS), na longínqua data de 16 de julho de 1949. Na minha carteira profissional está escrito: jornalista e radialista. Carregando...
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