Ninguém precisa concordar, mas a convicção nasce de algumas décadas acompanhando, ouvindo, aprendendo e analisando futebol: um time só adquire identidade JOGANDO. Entenda-se por identidade, aquele estilo de jogar que é reconhecido por todas as torcidas.
Uma equipe que é alterada a todo o instante, em que o desejo de vencer oscila de acordo com o adversário e a competição acaba sendo como a mulher que muda a cor do cabelo todas as semanas. Depois de algum tempo, ninguém mais sabe se é morena, ruiva, loira, mulata, negra ou o quê.
Uma equipe de verdade é como a amizade: não se forma e afirma com encontros eventuais. Solidifica-se pela convivência em atividades laborais permanentes. O distanciamento das refregas arrefece o espírito de unidade e acaba abrindo espaço, apenas, para as soluções individuais. Um time de verdade, resumindo, forma-se jogando. Se fosse possível, todos os dias. O medo de se lesionar tira a vontade de disputar, dividir, enfrentar. A reiteração do receio enfraquece. Quem teme ser atropelado não sai de casa.
Reproduzimos, a seguir, articulado e muito bem fundamentado texto enviado por um torcenauta gremista expondo seus sentimentos:
"Caríssimo Wianey
Fico assustado com a postura do meu amado Grêmio. Este Grêmio, que jogava qualquer jogo, até treino, como se fosse o último da vida, este Grêmio que ficou caracterizado por times raçudos, este Grêmio pelo qual sou apaixonado, não existe mais.
O que vejo hoje é um Grêmio enfraquecido, que em vez de jogar com ímpeto o tempo todo, prefere jogar como disseste, com o freio de mão puxado. Um Grêmio que em vez de lutar, prefere as desculpas do juiz, do campo, do calendário.
Esse Grêmio, infelizmente, não existe mais. A postura guerreira, até poética, que revestia times muitas vezes tecnicamente fracos, sumiu. E, na minha humilde opinião de apaixonado, de irracional, como insiste em chamar o torcedor o Sr. Celso Juarez Roth, a culpa disso não é só do treinador. Esse problema é muito maior. Esse problema se inicia quando os interesses do Grêmio ficam abaixo dos interesses políticos, estes, que derrotaram o Paulo Odone, que na minha opinião, foi junto com Fábio Koff, o maior presidente do Grêmio.
Assisto, insistentemente, o vídeo da Batalha dos Aflitos e, embora o Grêmio estivesse na segunda divisão, não perdeu sua grandeza. Jogando na segunda divisão, era maior do que todos. Hoje, mesmo jogando Libertadores, perdemos nossa grandeza. Trememos frente ao gol vazio, como Jonas tremeu. Trememos para vencer adversários infinitamente piores técnica e historicamente. Faltam-nos caráter, valores, muito mais do que futebol.
Hoje, o Grêmio tem um grupo muito mais qualificado que o de alguns anos atrás, na segunda divisão. Mas, trocaria esse time por aquele que, mesmo perdendo, perderia com muito mais honra do que se percebe em nossas vitórias sofridas, medíocres.
Essa crise do Grêmio é muito mais de entidade do que de time. Algo deve ser feito, senão ficaremos presos na mediocridade, ficaremos nos poupando num jogo fácil como o de hoje (ontem), contra o Sapucaiense.
Esse apaixonado, que não usa a razão, nada pode fazer, apenas um desabafo. Assim como só posso fazer o mesmo com a política do meu país, porque o Grêmio está parecido com o Brasil: discursos ricos, populistas, mas com resultados péssimos e comportamento moral duvidoso.
Quero de volta o Grêmio de Anderson, Sandro Goiano, Dinho, Felipão, Paulo Odone, Pelaipe e de Fábio Koff. Quero de volta o Grêmio, pois me sinto órfão ao ver essa mediocridade toda.
Grande abraço
Marco Antonio Oselame
Bento Gonçalves — RS".
Para reflexões.
Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, nascido em Três Passos (RS), na longínqua data de 16 de julho de 1949. Na minha carteira profissional está escrito: jornalista e radialista. Carregando...
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