Jogadores ouviram reclamações de torcedores na terça-feiraFoto: Diego Vara, Banco de Dados - 04/11/2008 |
Os últimos dias foram ricos em acontecimentos capazes de testar, fortemente, as nossas convicções. Relacionar fatos, muitas vezes, é essencial para que melhor se possa compreender a vida e, principalmente, avaliar situações com mais clareza.
Na terça-feira, um grupo de torcedores tentou invadir o treinamento do Grêmio com o objetivo de pressionar os jogadores e a comissão técnica. Para efeito do que pretendo analisar, não importam quais tenham sido as certezas que moveram aqueles aficionados gremistas. Tampouco o desfecho dos fatos.
Importa-me, sim, destacar que a iniciativa foi amplamente reprovada sob o cabível argumento de que local de trabalho não é próprio para manifestações de desaprovação.
Diante deste argumento dominante, passei a me perguntar se não seria correto estender este entendimento para outras áreas. Se não aprovamos atitudes que embaracem o trabalho no futebol, não seria razoável que a mesma compreensão fosse oferecida, por exemplo, ao administrador público?
Manifestações hostis em treinamento de futebol ou sob a janela dos gabinetes de um governador, prefeito etc, que diferenças deveriam ser consideradas para que houvesse compreensão distinta para os casos? Não estariam jogadores, governador ou prefeito sendo perturbados no seu ambiente de trabalho?
Pergunto mais: se vaias atrapalham o trabalho dos profissionais do futebol, um carro de som diante de qualquer palácio de governo, não produz igual efeito?
Certa vez, um grupo de manifestantes invadiu o plenário da Assembléia Legislativa do RS. Discutiu-se, na época, se havia legitimidade naquela ação. As posições se dividiram. Na época, assim como estou fazendo hoje, comparei a invasão do plenário a de um campo de futebol. Se não aprovaríamos que manifestantes invadissem o gramado, local de trabalho de árbitros e jogadores, por que aplaudiríamos a invasão do plenário da AL, se lá é o espaço de labor, exclusivo, dos parlamentares?
Tenho a sensação, às vezes, de que temos melhor consideração pelo futebol do que por atividades que exercem influência decisiva na vida dos cidadãos.
O torcedor tem, sim, direito a expressar suas inconformidades, desde que observadas algumas regras que contemplem respeito pelo trabalho, como local e momento. Também é prerrogativa da cidadania manifestar suas reivindicações por meio de movimentos organizados, desde que os seus atos não firam direitos de outrem de trabalhar, ir e vir.
Quando se coloca um carro de som sob a janela de um governante, em hora de expediente, equivale ao torcedor comparecer a um treinamento para gritar o seu protesto. Quando se barra a entrada de um banco, rua ou estrada, está sendo ferido o direito de outrem.
Estou disposto a acatar todas as opiniões que não sejam conflitantes entre si. Considero inconcebível que se exija o cumprimento de regras no futebol e se defenda, ao mesmo tempo, desatenção aos mesmos princípios quando o assunto se desprende do futebol. Que o respeito seja generalizado ou caiamos na baderna, todos.
Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, nascido em Três Passos (RS), na longínqua data de 16 de julho de 1949. Na minha carteira profissional está escrito: jornalista e radialista. Carregando...
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