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A história do Rio Grande do Sul está repleta de confrontos sangrentos entre gaúchos de facções opostas. Sempre foi assim: o ódio superando o amor na política, religião e no futebol. No campo esportivo, odiamos mais os nossos adversários do que amamos os nossos clubes. A desgraça do rival diverte mais do que o próprio sucesso. E achamos bonito que assim seja. Fazemos mais, proclamamos a nossa selvagem rivalidade como se fosse rara virtude. Assim, eternamente divididos, não conseguimos juntar forças suficientes para enfrentar eventuais assaltos que nos vitimam, como está acontecendo com o Grêmio e já tinha acontecido, em 2005, com o Internacional.
Há três anos, o STJD aplicou um golpe sujo nos interesses colorados como não se tinha visto, ainda. O Inter foi dormir líder e acordou quinto colocado, por força de um canetaço do ex-presidente do tribunal, Luiz Zveiter, o "Pavão Tagarela". Jamais, na história do futebol mundial um jogo sequer tinha sido anulado, por qualquer razão. Historicamente, autores de falcatruas eram punidos mas prevalecia, soberano, o resultado de campo. Em 2005, o STJD anulou 11 jogos por "suspeita de contaminação". Um absurdo jurídico e moral. Por efeito desta decisão, o Corinthians conseguiu recuperar pontos que havia perdido.
Naquela oportunidade, como hoje, fui tomado de indignação contra a heresia cometida. O pecado de 2005 foi diferente do que o cometido, agora, pelo STJD. Mas, nos dois casos, predominou a desonesta intenção de favorecer um grande clube paulista. Ontem, o Corinthians e hoje, o Palmeiras.
Porém, existe outro fator comum aos dois episódios: em 2005, uma parte do Rio Grande do Sul divertiu-se enquanto a outra sofria. Dezenas de teses estapafúrdias foram elaboradas para sustentar a decisão do STJD. Está acontecendo, novamente. Enquanto parcela dos gaúchos lamentam a injustiça que os atacou, a outra ri e justifica as punições absurdas do tribunal.
Na época, defendi o Inter porque entendi que o STJD estava praticando uma aberração indecente. Luiz Zveiter chegou a troçar na SportTV dizendo que até no Rio Grande do Sul só havia um jornalista, "um tal de Waney... Warney... Vilnei... não sei bem, que me critica e me chama de pavão tagarela". Acho que nem preciso lembrar os adjetivos com que fui brindado por inúmeros gremistas. Mesmos qualificativos que já estou recebendo de colorados, por erguer a bandeira do Grêmio, no presente caso dos julgamentos e punições do trio de jogadores gremista.
O Grêmio está sendo roubado assim como o Inter foi roubado, em 2005. E os clubes gaúchos ainda serão roubados muitas vezes porque o Rio Grande amado não consegue se unir em torno de uma causa apenas por ser justa. Prefere privilegiar o ódio pelo rival. Enquanto isso, de tempos em tempos somos invadidos, estuprados, roubados e faltam-nos forças para reagir. Somos assim e não estamos dispostos a nos modificar. Resta-nos seguir o conselho daquela ex-ministra que, diante do caos aéreo, mandou que os viajantes "relaxassem e gozassem". Talvez, um dia, aprendamos que a nossa cruenta rivalidade só nos enfraquece diante do poder que nos assalta.
Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, nascido em Três Passos (RS), na longínqua data de 16 de julho de 1949. Na minha carteira profissional está escrito: jornalista e radialista. Carregando...
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