Foto: Valdir Friolin |
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"Wianey, como leitor assíduo da tua coluna e blog, encaminho abaixo mensagem que escrevi ao meu círculo de amigos (uns tantos gremistas, outros colorados), como eu apaixonados por futebol.
O porquê da minha resistência (ainda) ao Roth?
Porque, como a maioria dos técnicos, acaba se atrapalhando com fartura de qualidade e inventando em hora errada. Clássico Professor Pardal. Desde o Gre-Nal, ele anunciou que o Souza havia carimbado a sua titularidade no time. Na semana passada, com o Souza eleito titular, o jogador precisava entrar no time de qualquer maneira, segundo Roth e alguns especialistas. Ganhou a posição errada, como segundo atacante (o que ele não é) e fez um péssimo jogo. Ele é meia-armador, e no esquema 3-5-2 pode ser um excelente ala, auxiliando a armação no meio-campo.
Celso Roth, eufórico com o desempenho de Souza no Gre-Nal e em jogos anteriores, garantiu ao jogador uma vaga entre os 11. Por ter anunciado de antemão, teve de ser coerente e cumpriu a sua palavra. Mas no lugar errado. Escalou mal, abrindo mão do esquema que tem se mostrado eficiente — e aqui elogio o trabalho dele em conseguir encaixar e dar sustentação e regularidade ao time que é líder — com dois atacantes sufocando a saída de bola do adversário e oferecendo opções para os jogadores de meio-campo.
O que não entendo é que, mesmo o Roth tendo encontrado o caminho (talvez meio no susto, porque o 3-5-2 surgiu na estréia contra o São Paulo devido à lesão do Willian Magrão), de repente abre mão da estrutura só para acomodar gente no time. É o receituário para o fracasso.
Na minha opinião, contra o Fluminense (e disse isso antes do jogo, Valter e Luciano são testemunhas), se era para entrar o Souza, que recuasse o Tcheco para a posição do Magrão, e o Souza entraria no meio. Na frente, o Soares (já que o Reinaldo ainda não tinha condições), como foi no jogo contra o Vasco, no qual, aliás, o Tcheco jogou sua melhor partida. A estrutura estaria mantida. Basta lembrar que, nas outras vezes em que havia sido tentado o 3-6-1, tivemos fracassos, inclusive com o próprio Botafogo, no Rio. Por que alterar, então?
Willian Magrão e Rafael Carioca precisam continuar como titulares, salvo lesões de última hora ou suspensões. Eles dão sustentação ao esquema de jogo. Fazem poucas faltas, mas desarmam muito e saem jogando com qualidade. Com bola dominada não se vê qualquer um dos dois dando chutão, e os passes saem redondos para os companheiros de time.
O Carioca só precisa um pouco mais de maturidade, mas é jogando que ele vai adquirir esta condição. Estes dois guris são bons de bola. Não vejo ninguém que se sobreponha aos dois no Brasileiro de forma indiscutível. Olhando o retrospecto da defesa tricolor (16 gols sofridos), contra 25 do Cruzeiro, 31 do Palmeiras e 21 do Botafogo — atuais membros do exclusivo G-4 —, não vejo um só motivo para mudar o meio-campo gremista.
Roth deve manter o 3-5-2 e jamais retirar um dos dois atacantes. É com dois atacantes que o esquema vem dando certo, que temos o ataque mais letal da competição e a defesa menos vazada.
Neste sentido, estou cada vez mais convencido de que o Souza é o perfeito camisa 12 do time. É o primeiro reserva dos titulares ou o primeiro titular dos reservas, como queiram. Polivalente, poderia ser titular, desde que na ala, mas segundo o Roth "é um desperdício tê-lo ali". Vai entender. Ele só não pode jogar como volante (1ª ou 2ª posição do meio), simplesmente porque quando muito cerca e comete falta por não ter o cacoete do lugar. Pode tomar o lugar de Tcheco, mas o camisa 10 atravessa o seu melhor momento no Olímpico desde o ano passado (minha opinião).
Em relação ao Orteman, é o mesmo caso do Souza. Gostei do que vi do uruguaio no Rio assim como já tinha gostado no Gre-Nal, mas ele precisa entrar aos poucos, recuperar a sua melhor forma física e adquirir maior ritmo de jogo. Tecnicamente está pronto, fisicamente acho que ainda não. É o mesmo jogador que tinha me chamado a atenção naquela Libertadores, em que jogou pelo Olimpia. Baita contratação.
Nos faltam laterais. Não temos boas opções e falta qualidade nas duas extremidades do campo (se pelo menos colocassem o Souza na direita...). O Pico terá 30 anos e ainda será uma promessa.
Sem Perea e com Reinaldo sem condições, o lugar é de Soares. André Luiz não deveria nem estar no grupo. Discordo de quem critica o colombiano. Ele é combativo, pressiona a saída de bola e volta para marcar e acompanhar o adversário. É inteligente e consegue fazer a parede e tocar a bola, tabelar. Não tem feito muitos gols, mas tem sido extremamente útil ao time.
Morales vem aí, mas no banco, ao lado de Souza e Orteman, ao menos por enquanto é uma excelente alternativa para casos de urgência. O bom é que as opções de banco são do mesmo nível que as que estão em campo como titulares. E vem aí o Douglas Costa. É muito bom, finalmente teremos um grupo. Imaginem a Libertadores do ano que vem.
Basta não inventar. Temos material humano para compor todas as partidas até o final do campeonato e nos sagrarmos campeões. Algo que eu pensava não ver depois da instituição do campeonato por pontos corridos. Agora, pergunto:
Esta minha visão está muito errada?
Pois não consigo entender por que complicar o que é relativamente simples. Na Europa isto é até comum entre os grandes times cheios de craques internacionais. Joga o time base, e os reservas poderiam muito bem ser os titulares. Nem por isso há uma fissura no vestiário. E o jogador, quando entra, entende que está ali para contribuir com o resto todo.
Será difícil utilizar-se de inteligência emocional e manter o grupo nas mãos e com o foco no objetivo comum? O único caso em que acomodaram jogadores no time e deu certo foi a Seleção de 70, mas aí é uma história completamente diferente...
Abraços,
Marcos Vinícius"
Sua visão está correta, Marcos Vinícius. Mas desista de entender Roth ou qualquer outro treinador. Acompanho futebol, profissionalmente, há mais de 30 anos e ainda não descobri o que passa na cabeça dos treinadores.
Em 1997, acho, Celso Roth treinava o Inter. Fazia uma campanha magnífica. Marcelo era um volante-armador que dera estabilidade ao time. O Inter não perdia fora de casa. Enquanto a equipe ganhava, Arílson se recuperava no DM. Alguns dias antes deste jogador ser liberado, escrevi que Roth não deveria mexer no time, que andava muito bem. Ele mexeu. Substituiu Marcelo por Arilson e o Inter desabou no campeonato.
Muricy Ramalho, no primeiro ano em que treinou o Inter, foi desclassificado pelo Remo, em pleno Beira-Rio. Sabe como ele armou o time, neste jogo? Com três zagueiros, dois laterais, três atacantes e apenas DOIS jogadores no meio-campo. Na época, batizei o seu esquema tático de "montinho na frente, montinho atrás e nada no meio".
Em 2005, o Inter poderia ter sido campeão apesar da anulação de jogos e do erro de Márcio Rezende — erros de arbitragem acontecem em todos os jogos, mas não foi porque escalações equivocadas tiraram muitas vitórias do Inter. Neste ano, teve um jogo contra o Botafogo em que Muricy escalou Perdigão, boa técnica, bom passe, mas é mas baixinho e lento como volante. Levou uma goleada.
No jogo seguinte, corrigiu a escalação e derrotou o São Paulo, no Morumbi. Veio o próximo jogo e ele reiterou o erro praticado contra o Botafogo. Nem preciso dizer que voltou a perder. E assim aconteceu em outros jogos.
Definitivamente, Marcos Vinícius, não tente entender treinadores. Tampouco alguns torcedores que se negam a enxergar o que está diante dos seus olhos. Se quiseres comprovar, leia alguns comentários que serão escritos neste post. Mas é assim mesmo. Para a maioria dos treinadores, fartura é atalho para que se atrapalhem.
Eu sou apenas um rapaz latino-americano, sem dinheiro no bolso, nascido em Três Passos (RS), na longínqua data de 16 de julho de 1949. Na minha carteira profissional está escrito: jornalista e radialista. Carregando...
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